Lula defende inclusão dos pobres no orçamento e combate à fome em discurso na FAO em Roma

Presidente enfatiza urgência de ação global contra fome e pobreza, destaca avanços da Aliança Global e prepara iniciativas para COP30 em Belém.

Por Karol Peralta

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (13), em Roma, durante a 2ª Reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que é necessário gerar indignação mundial diante da fome, que ainda atinge 670 milhões de pessoas.

“O grande trabalho que temos que fazer é criar junto à humanidade a indignação. Num mundo que produz alimento suficiente, não há explicação para 670 milhões de pessoas ainda não terem o que comer”, declarou Lula, durante o evento na sede da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura).

O presidente destacou que recursos financeiros consistentes são essenciais para a transformação social e alerta que, sem eles, em 2030 quase 9% da população mundial poderá viver em extrema pobreza. Segundo ele, a ajuda oficial ao desenvolvimento caiu 23% em relação aos níveis pré-pandêmicos, atingindo principalmente os países mais pobres da África.


A fórmula central da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Lula reforçou que a Aliança Global, lançada em novembro de 2024 no Rio de Janeiro, será mais eficaz seguindo quatro princípios:

  1. Reunir políticas públicas que deram certo;
  2. Articular políticas com recursos e conhecimento;
  3. Apostar em cooperação sem condicionalidades;
  4. Garantir que a implementação seja liderada pelos países receptores.

“Vivemos em um mundo hiperconectado, com inteligência artificial e avanços científicos, mas a persistência da fome e da pobreza são provas de falhas da comunidade global”, afirmou.


Apelos do presidente

Lula fez dois apelos urgentes:

1. Aos bancos multilaterais e países doadores:
“Programas de ajuste fiscal não justificam a redução do investimento em desenvolvimento humano e social. Combater a fome e a pobreza é o melhor estímulo para a economia global, pois aumenta o consumo e gera novos ciclos de desenvolvimento”, disse.

2. Aos governos nacionais:
“É hora de colocar os pobres no orçamento. A inclusão social precisa estar refletida na arquitetura fiscal, nos investimentos públicos e nos planos de transformação produtiva”, reforçou.


A COP30 e a Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima

O presidente antecipou a intenção do Brasil de adotar uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima na COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro. Para Lula, a segurança alimentar deve estar no centro da ação climática, com proteção social, apoio ao pequeno produtor e soluções que gerem renda e preservem a biodiversidade.

Ele destacou quatro pontos que devem ser respeitados:

  • Nenhuma pessoa deve trabalhar sem se alimentar;
  • Nenhuma criança deve estudar com fome;
  • Nenhum agricultor deve sofrer com falta de crédito ou assistência técnica;
  • Todos devem ter acesso à água.

Avanços da Aliança Global

Lula lembrou que a Aliança já conta com 200 membros: 103 países, 53 fundações e ONGs, 30 organizações internacionais e 14 instituições financeiras. A Espanha tem se destacado como parceira na liderança do fórum.

Foi inaugurado o Mecanismo de Apoio da Aliança, com sede, secretariado e direção. Recursos da Noruega, Portugal, Espanha e Brasil asseguram parte do financiamento até 2030, com a FAO como braço técnico.

O presidente citou projetos de combate à fome em países como Haiti, Zâmbia, Quênia, Etiópia, Benin, Ruanda, Tanzânia e Palestina, além de estudos em andamento para Moçambique, Indonésia, Camboja, Bangladesh e República Dominicana.

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