Brasil alcança marco histórico com primeira vacina 100% nacional contra a Covid-19

SpiN-TEC, desenvolvida por UFMG e Funed, mostra resultados promissores em testes de segurança e fortalece soberania científica do Brasil

Por Karol Peralta

O Brasil alcançou um marco inédito na ciência e tecnologia em saúde com a publicação do primeiro artigo científico sobre os testes de segurança da vacina SpiN-TEC, o primeiro imunizante 100% nacional contra a Covid-19. O projeto foi financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que investiu R$ 140 milhões no desenvolvimento da vacina, por meio da RedeVírus, apoiando todas as fases de testes, desde ensaios pré-clínicos até as fases clínicas 1, 2 e 3.

A SpiN-TEC adota uma estratégia inovadora de imunidade celular, preparando as células para não serem infectadas e, caso a infecção ocorra, capacitando o sistema imunológico a atacar apenas as células afetadas. Ensaios em animais e dados preliminares em humanos mostram que essa abordagem é mais eficaz contra variantes do vírus.

“Esse artigo é um marco histórico. A SpiN-TEC oferece imunidade mais ampla e duradoura, capaz de responder a diferentes variantes. Se os resultados se confirmarem nas próximas fases, teremos uma mudança no conceito de imunização da Covid-19”, destacou o pesquisador Helton Santiago.

O desenvolvimento da vacina é fruto da parceria entre o Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG e a Fundação Ezequiel Dias (Funed), com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), gerido pela Finep.

Na fase 1 do estudo, 36 voluntários, com idades entre 18 e 54 anos, participaram da avaliação de segurança em diferentes dosagens — 20, 60 e 100 microgramas. Todas mostraram-se seguras, sendo escolhida a dose intermediária para a fase seguinte.

Segundo o pesquisador Gregório Almeida, mais de 1,7 mil pessoas se inscreveram para participar do estudo, demonstrando a confiança da população na ciência brasileira.

Soberania científica e inovação

A SpiN-TEC representa um avanço sem precedentes na produção de imunobiológicos no Brasil, já que a fase 1 do estudo foi conduzida integralmente no País. “Pela primeira vez, conseguimos realizar um ensaio clínico completo de fase 1 para uma vacina desenvolvida aqui. É um grande passo para a política nacional de imunobiológicos”, comemora Almeida.

O coordenador-geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias do MCTI, Thiago Moraes, reforça: “O ministério garante recursos essenciais para que o Brasil desenvolva vacinas com autonomia, assegurando nossa soberania tecnológica na saúde e biotecnologia.”

CTVacinas: polo estratégico da ciência brasileira

Criado em 2016, o CTVacinas é resultado da parceria entre UFMG, Instituto René Rachou da Fiocruz-Minas e o Parque Tecnológico de Belo Horizonte, reunindo cerca de 120 pesquisadores, estudantes e técnicos. O centro já concluiu a fase 2 do ensaio clínico com 320 voluntários e aguarda autorização da Anvisa para iniciar a fase 3, com estimativa de 5,3 mil voluntários em todo o Brasil.

“A SpiN-TEC representa uma verdadeira mudança de paradigma. O investimento do MCTI permitiu construir infraestrutura científica de ponta, beneficiando não apenas a pesquisa sobre Covid-19, mas também vacinas contra malária, chagas e monkeypox”, destacou o pesquisador Ricardo Gazzinelli.

Com a SpiN-TEC, o Brasil reforça sua capacidade de inovação científica, fortalece a soberania tecnológica e projeta-se no cenário internacional como protagonista em pesquisa de imunobiológicos, oferecendo esperança e segurança para a população frente às variantes do coronavírus.

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