Levantamento nacional expõe impacto de agressões testemunhadas por crianças enquanto MS registra uma das maiores taxas de feminicídio do país

Por Karol Peralta
Cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras sofreram ao menos um episódio de violência doméstica nos últimos 12 meses, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero. O dado revela a dimensão de um problema estrutural que impacta famílias inteiras, especialmente crianças e encontra um cenário ainda mais alarmante em Mato Grosso do Sul, que soma 38 feminicídios apenas em 2025.

Agressões testemunhadas por crianças expõem ciclo de violência
A pesquisa mostra que 71% das agressões ocorreram na presença de outras pessoas, e em 70% desses casos havia crianças no ambiente, totalizando 1,94 milhão de situações presenciadas por menores. Para especialistas, isso aprofunda o ciclo da violência e reproduz padrões ao longo das gerações.
Segundo Marcos Ruben de Oliveira, do DataSenado, a presença de testemunhas, sobretudo crianças, reforça que a violência de gênero tem efeitos que ultrapassam a vítima. Outro dado preocupante é que 40% das mulheres não receberam ajuda mesmo quando a agressão ocorreu diante de terceiros.
A pesquisa entrevistou 21.641 mulheres de todos os estados e evidenciou que 58% vivem agressões recorrentes há mais de um ano, agravadas pela dependência econômica, a falta de acolhimento e a dificuldade em romper vínculos abusivos.

Desinformação e desigualdade marcam conhecimento sobre a Lei Maria da Penha
O levantamento revelou que 67% das mulheres conhecem pouco a Lei Maria da Penha, enquanto 11% desconhecem completamente a legislação. O desconhecimento é maior entre brasileiras com menor renda e baixa escolaridade.
Entre as mulheres analfabetas, 30% não sabem do que trata a lei; entre as que têm ensino superior completo, o índice cai para 3%. A pesquisa indica ainda que brasileiras mais velhas possuem menor acesso a informações sobre mecanismos de proteção.
Apesar disso, 75% acreditam que a Lei Maria da Penha protege totalmente ou parcialmente as vítimas, percepção mais baixa entre mulheres com menor escolaridade e renda familiar.
Rede de apoio ainda é frágil e atuação estatal permanece aquém do necessário
Mesmo com números elevados de violência, a maioria das vítimas continua buscando ajuda em espaços privados. Família, igreja e amigos são os principais pontos de apoio, porém, apenas 28% registram denúncia em uma Delegacia da Mulher e 11% acionam o Ligue 180.
Segundo especialistas, isso reforça que a violência doméstica ainda é tratada como um problema doméstico, quando deveria ser enfrentado como uma questão pública e coletiva.
Equipamentos como Delegacias da Mulher (93%), Defensorias Públicas (87%) e CRAS/CREAS (81%) estão entre os mais conhecidos. Por outro lado, estruturas fundamentais como as Casas da Mulher Brasileira são identificadas por apenas 38% das entrevistadas.
Mato Grosso do Sul: Um retrato mais duro da violência
Enquanto o Brasil tenta avançar na proteção às mulheres, Mato Grosso do Sul enfrenta um cenário crítico. O estado soma 38 feminicídios em 2025, sendo cinco apenas em novembro, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O estado aparece, ano após ano, entre os líderes em taxas proporcionais de feminicídio, impulsionado por fatores como:
- Alta incidência de violência doméstica
- Descumprimento de medidas protetivas
- Reincidência de agressores
- Falta de políticas de proteção em cidades pequenas e médias
- Acesso facilitado a armas
A vítima mais recente, Aliene Nunes Barbosa, morta em Dourados, se junta a uma lista que revela a dimensão do problema.
Números de feminicídio em MS em 2025
- 38 feminicídios até 24 de novembro
- 10 casos em maio, o mês mais letal
- 74% das vítimas tinham entre 20 e 49 anos
- 58% eram mães
- 87% dos autores eram companheiros ou ex-companheiros
- 65% dos crimes ocorreram dentro da casa da vítima
Fatores de risco predominantes incluem ameaças prévias, violência psicológica e física, dependência química dos autores e quebra de medidas protetivas.
A lista de vítimas inclui mulheres de todas as regiões do estado de cidades como Campo Grande, Dourados, Sonora, Caarapó, Nioaque, Rochedo, Três Lagoas e Naviraí revelando que a violência não tem fronteiras geográficas ou sociais.

A violência de gênero como desafio nacional
O Brasil registrou 1.463 feminicídios em 2024, média de uma mulher morta a cada seis horas. O cruzamento dos dados nacionais com o cenário de Mato Grosso do Sul evidencia que a violência de gênero permanece como um dos maiores desafios estruturais do país.
Especialistas alertam que romper esse ciclo exige políticas públicas permanentes, ampliação de redes de acolhimento, fortalecimento das Delegacias da Mulher e campanhas contínuas para informar a população sobre seus direitos.






Uma resposta
UM HORROR!OS HOMEMS SE ACHAM DONOS DAS MULHERES!E AS MATAM POR CRUELDADE E AINDA DISSEM QUE FOI POR AMOR!INFELIZMENTE. A SOLUÇÃO É LEIS MAIS RIGOROSAS E PROTEÇÃO INTENSIVA para AS MULHERES.