Setor varejista mostra desaceleração desde abril e registra menor crescimento em 12 meses desde janeiro de 2024, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio

Por Karol Peralta
As vendas do comércio brasileiro recuaram 0,3% em setembro, após uma leve alta de 0,1% em agosto, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado marca a quinta queda em seis meses e reforça o cenário de desaceleração no varejo nacional.
No acumulado dos últimos 12 meses, o setor cresceu 2,1%, o menor avanço desde janeiro de 2024. Desde abril, quando o crescimento anual chegou a 3,4%, o desempenho do comércio mostra trajetória decrescente, refletindo os efeitos da inflação e da perda de fôlego no consumo das famílias.
De acordo com o analista do IBGE, Cristiano Santos, o setor se encontra 1,1% abaixo do pico registrado em março de 2025, ponto mais alto da série histórica iniciada em 2000.
“Setembro é um resultado que retoma aquela trajetória negativa que estava acontecendo”, afirmou o pesquisador.
Segundo Santos, a inflação persistente e a base de comparação elevada de meses anteriores explicam o comportamento “de lado” do comércio nos últimos períodos.
Em relação a setembro de 2024, o setor apresentou leve alta de 0,8%. No entanto, no terceiro trimestre de 2025, houve retração de 0,4% em relação ao trimestre anterior. Apesar das oscilações recentes, o comércio brasileiro ainda opera 8,9% acima do nível pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020.
Desempenho por setor
Entre agosto e setembro, seis dos oito segmentos pesquisados apresentaram queda nas vendas:
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -1,6%
- Tecidos, vestuário e calçados: -1,2%
- Combustíveis e lubrificantes: -0,9%
- Equipamentos e material de escritório, informática e comunicação: -0,9%
- Móveis e eletrodomésticos: -0,5%
- Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,2%
O analista do IBGE destacou a queda persistente nas vendas de livros e papelaria, associada à migração de parte do consumo para o ambiente digital.
“A atividade registra trajetória de queda contínua, sobretudo pela migração de parte de seu portfólio de produtos para outras atividades, como no caso do livro físico”, explicou Santos.
Varejo ampliado e contexto econômico
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, peças, material de construção e atacado, houve crescimento de 0,2% em setembro e alta de 0,7% em 12 meses.
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) é uma das três pesquisas conjunturais do IBGE, junto com os levantamentos da indústria e dos serviços. Enquanto a indústria recuou 0,4% em setembro, o setor de serviços cresceu 0,6%, acumulando oito meses consecutivos de alta e avanço de 3,1% em 12 meses.





