País ganha 812 mil novos sindicalizados em 2024, mas taxa ainda está longe do nível de 2012

Por Karol Peralta
O Brasil voltou a registrar crescimento no número de trabalhadores sindicalizados após mais de dez anos de retração. Em 2024, 812 mil pessoas passaram a integrar sindicatos, elevando para 8,9% o percentual de associados entre os 101,3 milhões de ocupados, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (19) pelo IBGE.
A sindicalização atingiu 9,1 milhões de trabalhadores em 2024, um avanço de 9,8% em relação ao ano anterior. Apesar da recuperação, o contingente permanece 36,8% menor que o registrado em 2012, quando eram 14,4 milhões de associados. As informações fazem parte da edição especial da Pnad Contínua, que traz dados anuais desde 2012, com exceção de 2020 e 2021, por causa da pandemia.
O levantamento mostra que a taxa de sindicalização caiu de 16,1% em 2012 para 8,4% em 2023, atingindo o menor nível da série. Em 2024, porém, houve leve reação, chegando aos atuais 8,9%. Para o analista da pesquisa, William Kratochwill, a queda acentuada observada a partir de 2017 tem forte correlação com a reforma trabalhista, que extinguiu a contribuição sindical obrigatória.
Segundo ele, o recente aumento pode indicar uma retomada da percepção sobre a importância das entidades representativas. “Talvez as pessoas estejam começando a verificar novamente a necessidade de se organizar e lutar pelos direitos dos trabalhadores, e isso se dá muito por meio do sindicato”, afirma.
Trabalhadores mais velhos puxam aumento
Entre os 812 mil novos sindicalizados, oito em cada dez têm 30 anos ou mais. O grupo de 40 a 49 anos responde por 32% das filiações, enquanto os jovens de 14 a 19 anos representam apenas 0,7% do total. A taxa de sindicalização entre adolescentes é de 1,6%, muito inferior à média nacional.
Administração pública lidera filiações
Três em cada dez sindicalizados (30,9%) atuam no setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação e saúde, que também apresenta a maior taxa de associação: 15,5%. Na sequência aparecem agricultura (14,8%), indústria (11,4%) e informação e atividades financeiras (9,6%).
Entre as categorias com menor adesão estão serviços domésticos (2,6%), outros serviços (3,4%) e construção (3,6%).
Escolaridade e tipo de vínculo influenciam
A sindicalização é maior entre trabalhadores com ensino superior completo (14,2%) e menor entre aqueles com escolaridade mais baixa.
Quando analisado o tipo de contrato, destaca-se o setor público, com taxa de 18,9%, seguido pelos empregados com carteira assinada (11,2%). Já entre trabalhadores por conta própria (5,1%) e sem carteira assinada (3,8%), o índice é significativamente menor.
Diferença entre homens e mulheres diminui
A participação feminina na sindicalização cresceu nos últimos 12 anos. Em 2012, mulheres representavam 38,7% dos sindicalizados; em 2024, são 42,4%. A diferença entre homens e mulheres caiu de dois pontos percentuais para 0,4 ponto.
Cooperativismo segue tendência de queda
O estudo também revela redução no número de trabalhadores associados a cooperativas. O contingente caiu de 1,5 milhão em 2012 para 1,3 milhão em 2024, o menor já registrado na série, representando 4,3% dos ocupados.





