Com 237 votos no Parlamento, a líder do Partido Liberal Democrata (PLD) assume o comando do governo japonês em meio a crise econômica, desafios demográficos e escândalos políticos.

Por Karol Peralta
Em um momento histórico para o país, Sanae Takaichi foi eleita nesta terça-feira (21) a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão. Líder do Partido Liberal Democrata (PLD), Takaichi recebeu 237 votos no Parlamento e assume o governo em meio a uma conjuntura marcada por crise econômica, queda na taxa de natalidade e perda de popularidade da sigla conservadora.
O Parlamento japonês elegeu nesta terça-feira (21) Sanae Takaichi como a primeira mulher primeira-ministra do Japão, em uma votação que simboliza uma ruptura com décadas de liderança masculina. Takaichi recebeu 237 votos, superando a maioria necessária entre os 465 assentos da Câmara Baixa.
A vitória da conservadora representa um momento histórico em um país que enfrenta desafios econômicos e políticos e marca também uma guinada à direita na condução do governo japonês. O Partido Liberal Democrata (PLD), que domina a política japonesa desde o pós-guerra, consolidou uma nova coalizão com o Partido da Inovação do Japão (Nippon Ishin), também de orientação conservadora.
Takaichi sucede Shigeru Ishiba, que renunciou ao cargo após o PLD perder a maioria parlamentar e enfrentar um escândalo envolvendo fundos secretos. A nova premiê assume o comando como 104ª chefe de governo do Japão, em um momento de instabilidade e com pressões internas e externas crescentes.
Entre seus principais desafios, estão o aumento do custo de vida, com o preço do arroz quase dobrando em um ano, e a queda acentuada na taxa de natalidade, que ameaça a força de trabalho e acelera o envelhecimento populacional. Takaichi também deverá lidar com a resistência popular à imigração, um tema que divide a sociedade japonesa.
A líder do PLD chega ao poder poucos dias antes da visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que deve colocar em pauta questões comerciais e diplomáticas. Em um cenário global marcado por tarifas e disputas econômicas, o Japão tenta redefinir sua posição estratégica na Ásia.
Dentro do próprio PLD, Takaichi enfrenta tensões internas. A perda da aliança histórica com o Komeito, parceiro de 26 anos, enfraqueceu a base política do partido. O acordo com o Nippon Ishin, entretanto, garantiu maioria temporária no Parlamento e incluiu compromissos de reduzir o número de legisladores em 10% e tornar Osaka uma segunda capital administrativa.
A expectativa é que a nova premiê consiga restaurar a confiança pública e conter a instabilidade política que levou o Japão a trocar quatro líderes em apenas cinco anos. Sua liderança será testada pela capacidade de entregar resultados rápidos em um ambiente de pressão constante.





