
Dados da Pnad Contínua revelam aumento histórico do rendimento per capita e redução inédita na desigualdade social, com destaque para programas sociais e mercado de trabalho aquecido.
Por Karol Peralta
O Brasil registrou em 2024 o maior rendimento domiciliar per capita da série histórica iniciada em 2012, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao mesmo tempo, o país viu a desigualdade social cair ao menor nível já registrado, marcando um avanço importante no cenário socioeconômico.
💰 O rendimento mensal domiciliar per capita atingiu R$ 2.020, alta de 4,7% em relação a 2023. Em valores absolutos, a massa de rendimento mensal somou R$ 438,3 bilhões, um crescimento de 5,4% frente ao ano anterior e de 15% em relação a 2019, antes da pandemia de Covid-19.
🔻 O índice de Gini, que mede a concentração de renda (quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade), também caiu: foi de 0,506 em 2024, o menor da série. Em 2018, o país havia registrado o pico de desigualdade, com índice de 0,545.
📣 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou os dados nas redes sociais:
“Seguiremos trabalhando para fortalecer a economia brasileira, garantindo políticas de proteção e também de estímulo ao desenvolvimento para todos os brasileiros e brasileiras. Esse é o compromisso do nosso governo”, escreveu no X (antigo Twitter).
📈 Renda maior, desigualdade menor
O levantamento do IBGE aponta que a diferença entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres caiu para 13,4 vezes, o menor patamar já registrado. Em 2018, essa diferença era de 17,1 vezes.
Já os 1% mais ricos do país passaram a ganhar 36,2 vezes mais do que os 40% mais pobres, uma redução significativa frente às 48,9 vezes registradas em 2019.
👷♂️ Mercado de trabalho e programas sociais puxam crescimento
Segundo o analista do IBGE, Gustavo Fontes, o aumento da renda nas faixas mais baixas da população foi impulsionado por três fatores principais:
- Dinamismo do mercado de trabalho, com maior número de pessoas empregadas;
- Reajustes no salário mínimo;
- Expansão de programas sociais como o Bolsa Família.
📌 O número de pessoas com algum tipo de rendimento chegou a 143,4 milhões em 2024, outro recorde. A população com renda habitual do trabalho foi de 101,9 milhões, e a de aposentados e pensionistas, 29,2 milhões.
💸 Participação dos programas sociais
A população que recebeu benefícios de programas sociais subiu de 18,6 milhões em 2023 para 20,1 milhões em 2024. Apesar disso, ainda está abaixo do auge da pandemia (27,5 milhões em 2020). A participação dos programas sociais no rendimento per capita foi de 3,8% em 2024, maior que em 2019 (1,7%), mas distante dos 5,9% de 2020.
📍 A proporção de domicílios com beneficiários do Bolsa Família chegou a 18,7%, um leve recuo em relação a 2023 (19%), mas ainda um dos maiores índices da série.
🌍 Diferenças regionais
- O Distrito Federal teve o maior rendimento per capita do país: R$ 3.276;
- O Maranhão ficou com o menor valor: R$ 1.078.
- A região Sul lidera com R$ 2.499, enquanto o Nordeste tem o menor rendimento médio: R$ 1.319.
Os dados da Pnad Contínua confirmam uma melhora na distribuição de renda e um cenário mais equilibrado socialmente no Brasil, especialmente para as faixas mais vulneráveis. A combinação de emprego formal, valorização do salário mínimo e políticas sociais consistentes vem ajudando a reduzir desigualdades históricas.
📊 Para os analistas, o desafio agora é manter esse ritmo de inclusão e crescimento sustentável, garantindo que os avanços não sejam passageiros.