Emprego formal e empreendedorismo garantem emancipação financeira a milhares de brasileiros; 98% das vagas em 2024 foram preenchidas por inscritos no CadÚnico

Por Karol Peralta
Cerca de um milhão de famílias brasileiras deixaram o programa Bolsa Família em julho de 2024 após alcançarem autonomia financeira, seja por meio de empregos formais ou da melhoria da renda como empreendedores. A informação é do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 1,7 milhão de vagas com carteira assinada foram criadas no Brasil em 2024, e 98,8% delas foram preenchidas por pessoas cadastradas no CadÚnico. Entre os novos trabalhadores formais, 75,5% (1,27 milhão) eram beneficiários do Bolsa Família.
Das 958 mil pessoas que deixam o programa em julho, 536 mil cumpriram os 24 meses da chamada Regra de Proteção, período em que continuam recebendo 50% do valor do benefício após aumento da renda familiar per capita para até meio salário mínimo. Outros 385 mil superaram esse teto, atingindo uma renda superior a R$ 759 por pessoa.
“São quase um milhão de famílias superando a pobreza neste mês. Isso é fruto de um trabalho de qualificação profissional e apoio ao empreendedorismo, garantindo que as pessoas tenham condição de elevar a renda”, afirmou o ministro Wellington Dias.
Mesmo após deixarem o programa, essas famílias continuam no CadÚnico e são amparadas pela política do Retorno Garantido, que permite o reingresso imediato no programa caso voltem à situação de vulnerabilidade.
“A pessoa sai do Bolsa Família, mas não do CadÚnico. Se lá na frente perder o emprego, a renda, volta automaticamente ao Bolsa Família. Isso mostra que o povo quer trabalhar e ajudar o Brasil a crescer”, destacou Dias.
Histórias que inspiram
A moradora do Distrito Federal, Jaqueline Sousa, de 38 anos, decidiu se desligar voluntariamente do programa após conseguir emprego formal. “Não é uma perda, é uma conquista”, afirmou. Hoje ela atua em eventos públicos ligados à área da saúde e celebra sua autonomia financeira. “A tendência agora é trabalhar mais, estudar mais, e servir de exemplo”.
Na zona rural do Amazonas, a técnica de enfermagem Dayane Carvalho, 30 anos, também deixou o Bolsa Família em dezembro de 2024 após conseguir emprego em uma unidade de saúde local. “Sou grata por tudo que o programa me proporcionou. Hoje tenho estabilidade e posso cuidar dos meus filhos com dignidade”, disse.
Já Priscila Taveira, de 31 anos, celebra a conquista de um emprego fixo na Casa da Cidadania de Careiro da Várzea, onde ajuda outras pessoas a acessarem políticas públicas. “Durante dez anos o Bolsa Família foi essencial. Hoje me orgulho de ter chegado aqui”.
Apoio para sair da pobreza
A nova versão do Bolsa Família, relançada em 2023, veio acompanhada de uma série de políticas públicas complementares, como o fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), os programas de segurança alimentar, como o PAA e o Cisternas, além da Estratégia Nacional de Combate à Fome.
“O Bolsa Família e suas engrenagens sociais promoveram a saída de 24,4 milhões de brasileiros da insegurança alimentar grave em 2023. Até 2026, esperamos que o Brasil saia novamente do Mapa da Fome”, disse o ministro.
Novas regras em vigor
Desde julho, entrou em vigor a atualização da Regra de Proteção, que agora tem validade de 12 meses — antes eram 24. Com isso, famílias que tenham renda per capita entre R$ 218 e R$ 706 seguem recebendo metade do benefício por até um ano, enquanto consolidam sua estabilidade financeira.
Segundo o governo, essa transição gradual busca garantir que a população continue crescendo com segurança e dignidade, refletindo o compromisso de políticas sociais aliadas ao crescimento econômic