Profissionais atuarão em 212 municípios, com prioridade para o Nordeste; iniciativa inédita do Ministério da Saúde promete reduzir filas e ampliar atendimento especializado no SUS.

Por Karol Peralta
O Governo Federal anunciou a seleção de 501 médicos especialistas para atuar em unidades de saúde em todo o país por meio do programa Agora Tem Especialistas, uma iniciativa inédita do Ministério da Saúde. Os profissionais vão reforçar o atendimento em 212 municípios distribuídos nas 27 unidades da Federação, especialmente em regiões onde há maior carência de médicos.
De acordo com o ministério, 67% dos médicos selecionados serão destinados ao interior do Brasil, em áreas de especialidades estratégicas como cirurgia geral, ginecologia, anestesiologia e otorrinolaringologia. A medida busca reduzir deslocamentos longos para os grandes centros urbanos e garantir assistência mais próxima à população.
Essa é a primeira chamada do edital do programa, que atraiu 993 inscritos. Os selecionados têm, em média, 12 anos de experiência profissional e atuarão em 258 hospitais, policlínicas, centros de apoio diagnóstico e outras unidades do SUS nas cinco regiões do país.
Nordeste terá maior reforço médico
A distribuição dos médicos priorizou as regiões com maior déficit de especialistas. O Nordeste receberá 260 profissionais, o que representa 51% do total. O Sudeste ficará com 125 especialistas, seguido pelo Norte (66), Sul (26) e Centro-Oeste (24).
Do total, 25,7% atuarão em áreas classificadas como de alta ou muito alta vulnerabilidade, 20% na Amazônia Legal e 9% em áreas de fronteira.
Avanço histórico no SUS
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que essa é a primeira vez que especialistas de diversas áreas são contratados para atuar exclusivamente no SUS.
“Precisamos de iniciativas ousadas como o Mais Médicos Especialistas, que vai garantir, pela primeira vez, a atuação de profissionais especialistas no SUS e reduzir o tempo de espera da população por atendimento”, afirmou.
Entre os 501 selecionados, 131 (26%) trabalharam apenas na rede privada até então. Agora, pela primeira vez, atenderão pacientes do sistema público.
Impacto direto para a população
A presença desses médicos deve aumentar a capacidade de atendimento em até 30% em hospitais regionais. Um exemplo está em Patos (PB), no sertão da Paraíba: antes, pacientes precisavam percorrer até 500 km até João Pessoa para tratamentos. Agora, com a chegada de oito novos especialistas, a distância média cairá em 400 km.
Do total de selecionados, 75% atuarão em hospitais públicos em cirurgias, internações e tratamentos como radioterapia e quimioterapia. Outros 18% serão destinados a ambulatórios, com realização de exames e consultas, e os demais trabalharão em unidades de apoio diagnóstico e terapêutico.
Capacitação e incentivo
Os profissionais receberão 16 cursos de aprimoramento em áreas estratégicas, com ênfase em atuação prática no SUS sob a mentoria de hospitais da Rede Ebserh e do Proadi-SUS. Além disso, terão direito a uma bolsa-formação de até R$ 20 mil, definida conforme a vulnerabilidade do local de trabalho.
Com isso, o governo espera não apenas suprir a falta de especialistas, mas também formar uma nova geração de médicos comprometidos com o fortalecimento da rede pública de saúde.