Boletim Focus aponta recuo da expectativa de inflação após IPCA de 0,09% em outubro; Selic deve permanecer em 15% ao ano

Por Karol Peralta
A previsão do mercado financeiro para a inflação oficial do Brasil em 2025 caiu de 4,55% para 4,46%, segundo o novo Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (17). A revisão ocorre após o IPCA registrar 0,09% em outubro, o menor resultado para o mês em quase 30 anos, aproximando a projeção do centro da meta de inflação definida pelo Banco Central.
A meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Com a nova estimativa, o índice volta ao limite superior de 4,5%, previsto para ser perseguido pelo BC.
O boletim, divulgado semanalmente pelo Banco Central, reúne projeções de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos. Para 2026, a expectativa de inflação permanece em 4,2%, enquanto para 2027 e 2028 as projeções são de 3,8% e 3,5%, respectivamente.
IPCA tem menor outubro em quase três décadas
O resultado de outubro, de 0,09%, foi influenciado sobretudo pela queda na conta de luz, segundo o IBGE. Em setembro, o IPCA havia avançado 0,48%. Já em outubro de 2024, a variação tinha sido de 0,56%.
Com isso, a inflação acumulada em 12 meses está em 4,68%, a primeira vez em oito meses que o índice fica abaixo dos 5%, embora ainda acima do teto da meta estipulada pelo CMN.
Juros básicos e perspectivas do BC
Para controlar a inflação, o Banco Central utiliza a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano. A combinação de inflação menor e desaceleração da economia levou o Copom a manter a taxa estável pela terceira reunião consecutiva.
O colegiado, porém, não descarta elevar os juros novamente, caso avalie que a inflação apresenta resistência. O BC também destacou que o cenário internacional permanece incerto, sobretudo por causa da política econômica dos Estados Unidos, o que afeta as condições financeiras globais.
A expectativa do mercado é que a Selic termine 2025 ainda em 15% ao ano, caindo para 12,25% em 2026. Para 2027 e 2028, as projeções são de 10,5% e 10%, respectivamente.
Como a Selic afeta a economia
Quando a Selic sobe, o objetivo é conter a demanda, encarecendo o crédito e reduzindo a pressão sobre os preços. O efeito, porém, também desacelera a atividade econômica, já que famílias e empresas passam a consumir menos.
Por outro lado, quando a Selic cai, o crédito fica mais barato, estimulando a produção e o consumo, mas reduzindo o controle sobre a inflação.
PIB e câmbio se mantêm estáveis no Focus
A projeção para o crescimento do PIB em 2025 permaneceu em 2,16%. Para 2026, o mercado espera avanço de 1,78%, seguido por 1,88% em 2027 e 2% em 2028.
No segundo trimestre deste ano, o PIB cresceu 0,4%, impulsionado pela indústria e pelos serviços. Em 2024, o PIB fechou com alta de 3,4%, maior expansão desde 2021 (4,8%).
A previsão para a taxa de câmbio segue estável: R$ 5,40 no fim de 2025 e R$ 5,50 ao final de 2026.





