Incêndios florestais devastam Picos da Europa, mobilizam exército espanhol e destacam impacto das ondas de calor recorde

Por Karol Peralta
A Espanha enfrenta a pior onda de incêndios florestais em pelo menos 20 anos, que se espalha pelas encostas do Picos da Europa, levando as autoridades a fechar parte da popular rota de peregrinação Caminho de Santiago nesta segunda-feira (18).
A ministra da Defesa, Margarita Robles, classificou a situação como sem precedentes. “Esta é uma situação de incêndio que não vivenciamos há 20 anos”, disse à rádio Cadena SER. Ela destacou que os incêndios atuais têm características agravadas pela mudança climática e pela onda de calor intensa, que se estende há 16 dias, com temperaturas chegando a 45°C no fim de semana.
O sul da Europa registra uma das piores temporadas de incêndios florestais das últimas duas décadas, com Espanha e Portugal entre os países mais afetados. Até o momento, cerca de 344.400 hectares foram queimados na Espanha em 2025, de acordo com o Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais (EFFIS) — a maior área registrada desde 2006 e mais de quatro vezes a média do período 2006-2024.
A fumaça densa dificulta o trabalho das aeronaves de combate a incêndio, segundo Robles, que informou ainda que o Exército espanhol mobilizou 1.900 soldados para auxiliar os bombeiros no controle das chamas.
Somente na última semana, cerca de 20 incêndios devastaram milhares de hectares nas regiões da Galícia e de Castela e Leão, provocando interrupções em serviços ferroviários e em um trecho de 50 km do Caminho de Santiago. Esta rota histórica liga a França à cidade de Santiago de Compostela, no extremo oeste do país, local onde estariam os restos mortais do apóstolo São Tiago.
Moradores da região demonstram grande preocupação com os incêndios. O peregrino Patrice Lepettre, de 75 anos, relatou à Reuters que o impacto para turistas é temporário, mas devastador para a população local. “É uma coisa terrível para a população. Os peregrinos podem voltar para casa e vir outro ano para terminar o Caminho, mas para as pessoas que vivem aqui, é uma coisa terrível”, afirmou.
A tragédia também teve vítimas fatais. Um bombeiro morreu após acidente com seu caminhão perto do vilarejo de Espinoso de Compludo, elevando o número de mortes para quatro.
Em Portugal, a situação não é diferente. Incêndios florestais destruíram cerca de 216.200 hectares até agora em 2025, mais de quatro vezes a média histórica do período 2006-2024, e duas pessoas morreram, segundo o EFFIS.