Paralisação do governo dos EUA começa após impasse no Congresso e ameaça 750 mil empregos

Divisões entre democratas e republicanos travam orçamento de US$ 1,7 trilhão; paralisação pode afetar empregos, viagens, pesquisas e pagamento das tropas

Por Karol Peralta

O governo dos Estados Unidos interrompeu grande parte de suas operações nesta quarta-feira (1º) após divisões partidárias entre republicanos e democratas impedirem um acordo de financiamento no Congresso. A situação marca a 15ª paralisação do governo federal desde 1981 e pode provocar graves consequências econômicas e sociais, com risco de perda de milhares de empregos.

Agências federais alertaram que a suspensão das operações vai interromper a divulgação do relatório de emprego de setembro, atrasar viagens aéreas, suspender pesquisas científicas, reter o pagamento de tropas americanas e levar à dispensa de cerca de 750 mil funcionários federais, gerando um custo diário estimado em US$ 400 milhões.

O impasse político

A paralisação começou poucas horas depois que o Senado rejeitou um projeto de lei de curto prazo que manteria o governo funcionando até 21 de novembro. Os democratas barraram a proposta, argumentando que os republicanos se recusaram a incluir a prorrogação de benefícios de saúde que expiram no fim do ano e afetam milhões de americanos.

Para os republicanos, liderados pelo presidente Donald Trump, essa questão deveria ser discutida em separado. Trump alertou ainda que a paralisação pode abrir caminho para medidas “irreversíveis”, como cortes em programas sociais e redução de empregos.

O valor em disputa é de US$ 1,7 trilhão, correspondente às operações das agências federais, cerca de um quarto do orçamento total de US$ 7 trilhões do governo. A maior parte do restante é destinada a programas de saúde, aposentadoria e ao pagamento de juros da dívida pública americana, hoje estimada em US$ 37,5 trilhões.

Risco de prolongamento

Analistas independentes alertam que esta paralisação pode ser mais longa do que as anteriores, devido ao endurecimento das negociações. O diretor de orçamento de Trump, Russell Vought, chegou a ameaçar demissões permanentes caso não houvesse acordo.

O episódio remete à paralisação mais longa da história dos EUA, que durou 35 dias entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, também durante o governo Trump, em meio a disputas sobre a segurança na fronteira.

Troca de acusações no Congresso

No plenário do Senado, o líder democrata Chuck Schumer afirmou que os republicanos tentam “intimidar” o partido com manobras políticas.

“Tudo o que eles querem fazer é tentar nos intimidar. E não vão conseguir”, declarou Schumer.

Já o líder da maioria republicana no Senado, John Thune, defendeu o projeto rejeitado como uma medida “apartidária”, alegando que propostas semelhantes já haviam sido aceitas pelos democratas no passado.

Apesar de deter a maioria no Congresso, os republicanos precisam de pelo menos 60 votos no Senado para aprovar a legislação de financiamento, o que exige apoio de parte dos democratas.

O que está em jogo

Além dos efeitos imediatos sobre serviços públicos, viagens e pesquisas, o impasse ameaça prejudicar a confiança de investidores e aumentar a pressão sobre a já elevada dívida dos EUA. Especialistas avaliam que uma paralisação prolongada pode afetar o crescimento econômico global, dada a centralidade da economia americana.

Por enquanto, não há um caminho claro para resolver a crise. O governo Trump e os líderes do Congresso permanecem distantes de um acordo, aumentando a incerteza sobre os próximos passos da maior economia do mundo.

Compartilhe esta postagem:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

contato@mspantanalnews.com.br