
Cardeal norte-americano Robert Prevost é eleito papa após dois dias de Conclave e assume como Leão XIV; conheça a trajetória do novo líder da Igreja Católica
Por Karol Peralta
Habemus papam! Às 13h10 (horário de Brasília) desta quinta-feira (8), a tradicional fumaça branca que emergiu da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, anunciou a eleição de um novo papa. O escolhido foi o cardeal norte-americano Robert Prevost, de 69 anos, que adotou o nome de Leão XIV, tornando-se o primeiro papa dos Estados Unidos.
A escolha surpreendeu parte da comunidade internacional, uma vez que Prevost era considerado discreto e pouco midiático. Com ampla experiência missionária no Peru e forte alinhamento com a visão pastoral de Francisco, o novo pontífice representa a continuidade de uma Igreja comprometida com a justiça social, o acolhimento e o diálogo.
Um papa com raízes em dois continentes
Robert Francis Prevost nasceu em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Illinois (EUA). Formado em matemática, teologia e direito canônico, ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977 e foi ordenado sacerdote em 1982. Após a ordenação, dedicou-se ao trabalho missionário no Peru, onde se destacou por sua atuação pastoral, acadêmica e administrativa.
Foi bispo de Chiclayo, reitor de seminário, vigário judicial e membro da Conferência Episcopal Peruana. Em 2023, tornou-se prefeito do Dicastério para os Bispos, órgão responsável por selecionar os bispos de todo o mundo. No mesmo ano, foi elevado ao cardinalato por Francisco.
As primeiras palavras de Leão XIV
Em seu primeiro pronunciamento como papa, visivelmente emocionado, Leão XIV prestou homenagem ao seu antecessor:
“Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz corajosa de papa Francisco… Que a paz esteja com vocês.”
Diante de uma multidão reunida na Praça de São Pedro, destacou a necessidade de união e diálogo:
“A humanidade necessita de pontes para que sejam alcançadas por Deus. Construir pontes com diálogo, para sermos um só povo sempre em paz.”
Uma escolha de continuidade e de desafios
A eleição de Prevost foi vista como uma sinalização clara de continuidade do legado de Francisco. Ele compartilha da mesma sensibilidade social, apoio à ecologia, acolhimento a migrantes e à possibilidade de comunhão para divorciados recasados.
Contudo, seu passado também levanta questões delicadas. Durante sua atuação como prior provincial em Chicago e bispo em Chiclayo, ele foi citado em episódios envolvendo o tratamento de denúncias de abuso sexual na Igreja. Embora seus defensores aleguem que ele seguiu os protocolos à época, críticos apontam omissões e tentativas de silenciar vítimas.
O futuro de Leão XIV
O novo papa assume o trono de Pedro em um momento em que a Igreja Católica enfrenta grandes desafios: crises internas, perda de fiéis, polarização global e escândalos ainda em aberto.
Leão XIV terá de equilibrar tradição e renovação. Seu perfil pastoral, experiência internacional e vínculo com duas culturas, a americana e a latino-americana, podem ser chaves para liderar a Igreja em um novo tempo de escuta e reconciliação.