Homem foi preso em flagrante por estuprar e matar a filha de 1 ano e 9 meses em Camapuã; bebê tinha acabado de receber alta médica e apresentava sinais graves de negligência

Por Karol Peralta
Um crime de extrema brutalidade chocou a população de Camapuã, no interior de Mato Grosso do Sul. Igor Silva de Souza, de 28 anos, foi preso em flagrante após confessar ter estuprado e matado a própria filha, Ísis Ojeda da Silva, de apenas 1 ano e 9 meses. A bebê havia recebido alta médica dois dias antes da morte e apresentava quadro clínico delicado. A Polícia Civil investiga a mãe da criança por possível omissão ou negligência.
O caso, registrado entre a noite de terça-feira (8) e a madrugada de quarta-feira (9), causou comoção em todo o estado e expôs possíveis falhas na rede de proteção à infância, além de levantar questionamentos sobre as condições de saúde e os cuidados dispensados à criança.
Confissão do pai e prisão em flagrante
De acordo com o delegado Matheus Vital, responsável pelas investigações, o pai da menina confessou o crime durante interrogatório na delegacia. Segundo ele, o abuso sexual com conjunção carnal ocorreu enquanto a família dormia na casa de uma prima. A mãe da criança e outro filho do casal também estavam no local.
“No interrogatório, o autor relatou em detalhes como cometeu o abuso. Após a violência, a criança passou mal e foi levada pela mãe à unidade de saúde. Infelizmente, não resistiu”, afirmou o delegado.
A Polícia Civil foi acionada pelo Hospital Municipal de Camapuã, onde a bebê deu entrada sem vida. O médico que realizou o atendimento identificou sinais claros de violência sexual, o que motivou a imediata comunicação às autoridades policiais.
Condições precárias de saúde e suspeita de maus-tratos
O histórico médico de Ísis já indicava um quadro de vulnerabilidade. A menina havia sido internada no Hospital Universitário de Campo Grande no dia 28 de junho com uma infecção na traqueostomia, infestação por larvas (miíase), piolhos e pneumonia. O estado de saúde da criança era considerado grave.
Segundo boletim do hospital, a menina foi estabilizada durante a internação, passou por cirurgia no dia 30 de junho para retirada das larvas e troca da cânula da traqueostomia. Após evolução positiva, recebeu alta médica dois dias antes de sua morte.
“As condições em que a criança foi internada já sugerem negligência nos cuidados básicos. Infecção por larvas, piolhos e traqueostomia obstruída não são eventos isolados. Há forte indício de maus-tratos contínuos”, destacou o delegado Vital.
Diante das evidências, tanto o pai quanto a mãe podem ser responsabilizados criminalmente. A investigação apura se houve omissão por parte da mãe em proteger e cuidar da filha.
Atendimento de emergência e morte
Segundo relatos da genitora, Ísis começou a apresentar falta de ar na manhã do dia 9. A menina foi levada inicialmente ao posto de saúde local e, devido à gravidade, encaminhada ao Hospital Municipal de Camapuã. Ao chegar à unidade hospitalar, já estava em parada cardiorrespiratória.
Após o exame preliminar constatar vestígios de abuso, a polícia foi acionada. Uma equipe foi até o local de trabalho de Igor para comunicá-lo sobre o estado da filha. Ao chegar ao hospital, ele foi abordado pelos investigadores e, ao ser questionado, confessou espontaneamente o crime.
“Foi um depoimento estarrecedor. Ele admitiu que cometeu o estupro e pediu ajuda psiquiátrica após ser preso. O sentimento é de revolta, tanto da equipe policial quanto da comunidade local”, relatou o delegado.
Investigação em andamento e exames periciais
O corpo da criança foi encaminhado para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) de Costa Rica, onde será submetido a exames de necropsia e sexologia. O objetivo é confirmar oficialmente as causas da morte e os vestígios do abuso sexual.
A Polícia Civil já solicitou ao Hospital Universitário o prontuário completo de atendimento da menina para compreender se a alta médica foi adequada e se havia orientações específicas aos responsáveis sobre os cuidados com a traqueostomia e o estado geral da criança.
Além disso, a investigação também irá analisar o ambiente familiar, histórico de atendimentos em unidades de saúde e se houve negligência continuada por parte dos genitores.
Omissão da mãe sob apuração
A mãe da criança, ex-companheira de Igor, foi ouvida pela polícia e, inicialmente, declarou desconhecer qualquer abuso praticado contra a filha. No entanto, a apatia diante do estado de saúde da bebê e as condições em que ela foi entregue aos cuidados médicos levantam dúvidas sobre sua versão.
“A mãe afirmou que não sabia do crime. Mas se as investigações comprovarem que ela teve conhecimento ou foi negligente, será indiciada. Não se descarta a responsabilização dela por omissão, especialmente se constatado que havia sinais anteriores de violência ou abandono”, afirmou o delegado.
A mulher não foi presa, mas segue sendo investigada. O Conselho Tutelar também foi acionado e acompanha o caso, principalmente por conta da outra criança do casal, que está sob acolhimento provisório.
Clamor por justiça
O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais e provocou indignação entre moradores de Camapuã e demais cidades da região. Nas ruas e nas redes, o clamor por justiça e por proteção às crianças em situação de vulnerabilidade é unânime.
Entidades de direitos humanos e órgãos públicos ligados à infância também se manifestaram em repúdio ao crime e reforçaram a necessidade de fortalecimento das políticas públicas de proteção e acompanhamento familiar.
O autor está preso, e a polícia aguarda a decisão da Justiça sobre a conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva. A investigação segue em sigilo para garantir a integridade dos envolvidos e a apuração dos fatos.
⚖️ O caso segue em investigação pela Polícia Civil de Camapuã. Novas informações devem ser divulgadas após conclusão dos laudos periciais e depoimentos complementares.bra justiça por Ísis.