Com ações simultâneas em 335 municípios, Operação Shamar já atendeu mais de 2,5 mil vítimas de violência doméstica e intensifica mobilização nacional pelos 19 anos da Lei Maria da Penha

Por Karol Peralta
A Operação Shamar, promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), já contabiliza 387 prisões de autores de feminicídio e violência doméstica desde o dia 1º de agosto, quando teve início a mobilização. Até o meio-dia desta quinta-feira (07), também foram registrados 2.518 atendimentos a vítimas e a solicitação de 314 medidas protetivas de urgência em todo o território nacional.
Com ações coordenadas nos 26 estados e no Distrito Federal, a operação mobiliza 16.508 agentes de segurança, incluindo policiais civis, militares e integrantes de órgãos especializados. A iniciativa ocorre até o dia 4 de setembro e integra as ações do governo federal de enfrentamento à violência de gênero.
A data desta quinta-feira (07) foi marcada como o “Dia D” da mobilização nacional, coincidindo com o aniversário de 19 anos da promulgação da Lei Maria da Penha, um marco na luta pela proteção dos direitos das mulheres no Brasil.
Ações integradas e investimento federal
Segundo o MJSP, a Operação Shamar recebeu um investimento de R$ 2 milhões, destinados principalmente ao pagamento de diárias para deslocamento de policiais em cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão, especialmente em regiões onde não há delegacias especializadas no atendimento à mulher.
Além da repressão, a operação também foca na prevenção, com ações educativas como palestras, panfletagens e rodas de conversa, que alcançaram 382.114 pessoas até o momento.
A coordenação está sob responsabilidade da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi), vinculada à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). As ações foram realizadas até agora em 335 municípios brasileiros, com forte apoio das secretarias estaduais de segurança pública.
Destaques regionais
São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo promoveu uma megaoperação na quinta-feira para cumprimento de mandados de prisão contra agressores. A delegada Adriana Liporoni, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher no estado, afirmou que a mobilização representa uma resposta direta às mulheres vítimas de violência.
“Estamos unindo forças para mostrar que a mulher não está sozinha e que o estado está ao seu lado para protegê-la”, destacou a delegada.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, uma força-tarefa estadual também integrou a Operação Shamar, com a participação das polícias Civil e Militar. Até o final da tarde de ontem, 94 criminosos foram presos no estado.
Um dos casos mais chocantes foi o de um agressor que espancou até a morte a esposa grávida de oito meses. Ao todo, mais de 210 prisões já foram realizadas no Rio desde o início da operação.
Canais de denúncia
Em caso de suspeita ou confirmação de violência contra a mulher, o Ministério da Justiça orienta que a vítima ou qualquer pessoa que tenha conhecimento do fato procure uma delegacia especializada ou entre em contato pelos seguintes canais:
- Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher (funciona também via WhatsApp: (61) 9610-0180)
- Ligue 190 – Polícia Militar (em caso de emergência)
As denúncias podem ser anônimas e são essenciais para o acionamento da rede de proteção e para a responsabilização dos agressores.
Compromisso com a vida das mulheres
A Operação Shamar representa um esforço conjunto e contínuo do poder público para combater um problema que afeta milhares de brasileiras todos os anos. A violência doméstica e o feminicídio não são casos isolados, mas reflexos de uma estrutura que precisa ser enfrentada com ações firmes, políticas públicas e educação.
A expectativa é de que os resultados até o final da operação ampliem a rede de proteção às mulheres e fortaleçam a aplicação da Lei Maria da Penha, garantindo o direito à vida, à dignidade e à segurança de todas.