
Quadrilha usava empresas de fachada e laranjas para lavar dinheiro e enviar armamento pesado de Ponta Porã ao Complexo do Alemão
Por Karol Peralta
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta quinta-feira (3) a Operação Bella Ciao, que tem como alvo um consórcio criminoso formado por integrantes das facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). A investigação revelou que o grupo movimentou mais de R$ 250 milhões com o contrabando de armas e drogas. As armas, de grosso calibre, eram originadas de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai, e tinham como destino final o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Coordenada pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro, a operação prendeu dois suspeitos e cumpre 57 mandados de busca e apreensão nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Entre os presos está Ana Lúcia Ferreira, apontada como responsável pela logística de envio das armas do Centro-Oeste para o Sudeste. Ela foi detida em Taubaté (SP). Segundo a polícia, Ana mantinha uma extensa rede de contatos no crime organizado, construída por meio de antigos relacionamentos com integrantes do PCC.
Outro investigado, Gustavo Miranda de Jesus, seria o responsável pela movimentação financeira do esquema. Ele é acusado de usar empresas de fachada e eventos para lavar o dinheiro do tráfico, disfarçando o fluxo de capitais ilícitos.
O grupo atuava de forma estruturada, com divisão de tarefas, uso de laranjas, logística interestadual e contatos diretos com líderes de facções. O esquema revelado demonstra a cooperação entre organizações criminosas rivais, como PCC e CV, com foco no lucro obtido pelo tráfico de armas e drogas.
Um dos principais alvos da operação, Luiz Eduardo Grego, conhecido como “Cocão”, segue foragido. Segundo as investigações, ele atuava como o “representante comercial” do grupo, participando de negociações e servindo como segurança pessoal de um criminoso identificado como “Professor”. Ele estava sendo preparado por Ana Lúcia para assumir funções mais estratégicas dentro da quadrilha.
A operação representa mais um duro golpe contra o crime organizado no Brasil, mostrando como facções têm atuado de forma articulada e empresarial para movimentar grandes quantias de dinheiro e armamento por diferentes regiões do país.
As investigações continuam e a Polícia Civil espera prender os demais envolvidos nos próximos dias.