
Filme protagonizado por Wagner Moura tem estreia mundial emocionante no Festival de Cannes; produção celebra diversidade, cultura nacional e apoio público ao audiovisual.
Por Karol Peralta
A estreia mundial de O Agente Secreto, novo longa-metragem do premiado diretor Kleber Mendonça Filho, emocionou o público do 78º Festival de Cannes neste domingo (18). O filme, protagonizado por Wagner Moura, foi aplaudido de pé por 13 minutos ininterruptos, um dos momentos mais marcantes desta edição do festival.
A sessão foi precedida por uma vibrante celebração brasileira nas ruas de Cannes, ao som do frevo pernambucano, que embalou a chegada do elenco e da equipe técnica ao tapete vermelho. A energia contagiante levou um pedaço do Brasil para o coração do principal festival de cinema do mundo.
🌍 Coprodução internacional com apoio público
O Agente Secreto é uma coprodução entre Brasil, Alemanha, Holanda e França. O longa contou com investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), reforçando a importância do financiamento público na valorização da cultura brasileira e no fortalecimento do setor audiovisual.
“Fico muito orgulhoso de fazer parte de um país que apoia a produção cultural. A vocação do Brasil para a arte é especial e reconhecida no mundo inteiro”, destacou o diretor Kleber Mendonça Filho durante entrevista.
A presença brasileira no festival também contou com apoio institucional do Ministério da Cultura, representado pela ministra Margareth Menezes, e da Secretaria do Audiovisual, com Joelma Gonzaga na comitiva oficial.
🎭 Elenco estelar e representatividade
Além de Wagner Moura, o filme conta com um elenco de peso: Gabriel Leone, Maria Fernanda Cândido, Juliana Paes, Barbara Paz, Isabel Zuaa e o estreante Caio Venâncio, que comemorou sua primeira participação em Cannes.
“É um sonho estar aqui representando o Brasil. Vim de Natal direto para a França e estou muito feliz por fazer parte desse projeto incrível”, celebrou Caio Venâncio, que interpreta o personagem Vilmar, o Matador.
🎬 Brasil é país de honra no Marché du Film
Neste ano, o Brasil é o país de honra no Marché du Film, mercado oficial do Festival de Cannes. A ministra da Cultura ressaltou a importância desse reconhecimento:
“É uma janela de oportunidades. O mundo está voltado para a nossa produção. Estamos trabalhando para abrir novos caminhos no mercado internacional e fortalecer o audiovisual nacional”, afirmou Margareth Menezes.
🤝 Conferências e discussões estratégicas
Durante o festival, diversas atividades colocaram o Brasil no centro das atenções. Um dos destaques foi a conferência “Com quem (co)produzir no Brasil?”, que apresentou o potencial criativo e a diversidade de produtoras nacionais ao mercado internacional.
Participaram representantes de instituições de todo o país, como BRAVI, APAN, API, CONNE, Fundacine e Cinema do Brasil, com moderação do jornalista Morris Kachani.
“O Brasil é um país com múltiplas histórias, biomas e culturas. O cinema pode traduzir toda essa pluralidade que o mundo busca”, disse o produtor Marco Altberg.
🖤 Diversidade em foco: o cinema das maiorias
Outro ponto alto foi o painel “Vozes da Maioria no Cinema: Os 54% Negros do Brasil Não Podem Esperar”, que debateu a urgência de ampliar a representatividade negra no audiovisual. O evento teve a presença de nomes como Camila Pitanga, Robson Dias, Bethânia Maia e Pedro Santiago, com mediação de Markus Thersio.
“Nós existimos. É esse o cinema brasileiro que eu quero ver”, declarou Camila Pitanga, em uma fala aplaudida.
O painel destacou a necessidade de políticas públicas que promovam equidade racial, incentivo à produção periférica e protagonismo de vozes historicamente silenciadas.
📽️ Caminhos abertos para o cinema brasileiro
A repercussão de O Agente Secreto em Cannes reafirma a potência criativa do cinema brasileiro e fortalece o posicionamento do país como um polo estratégico de produção audiovisual global.
O filme agora segue sua jornada no festival, com boas chances de conquistar a Palma de Ouro, prêmio máximo de Cannes, e já entra para a história como um dos momentos mais simbólicos da arte nacional nos últimos anos.