Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, mais de 6,5 milhões de famílias superaram a linha da pobreza entre 2023 e 2025.

Por Karol Peralta
O número de famílias brasileiras em situação de pobreza registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) caiu 25% em dois anos, de acordo com dados divulgados pelo Monitora MDS, ferramenta do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
Em maio de 2023, o país contabilizava 26,1 milhões de domicílios em situação de pobreza. Em julho de 2025, o número caiu para 19,56 milhões, o que representa 6,55 milhões de famílias que passaram a ter renda mensal por pessoa acima de R$ 218. Em termos individuais, isso significa que 14,17 milhões de pessoas superaram a linha da pobreza.
Políticas sociais e melhora na renda
De acordo com o ministro do MDS, Wellington Dias, os resultados refletem a combinação de políticas sociais com o crescimento econômico.
“A renda é um componente fundamental para as pessoas terem acesso aos alimentos e o resultado é que, combinando desenvolvimento econômico e social, tiramos o Brasil do Mapa da Fome e as pessoas estão saindo da pobreza, seja pelo trabalho ou pelo empreendedorismo”, afirmou.
Um estudo realizado pela Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad) também apontou crescimento da renda em faixas superiores à da pobreza, evidenciando não apenas redução da vulnerabilidade, mas melhoria no padrão de vida das famílias.
Segundo o secretário da Sagicad, Rafael Osório, os avanços são resultado de programas sociais, da recuperação do mercado de trabalho e da integração de dados formais ao CadÚnico.
“Com a integração das informações com outras bases, reduzimos a dependência da autodeclaração. Este avanço diminui o esforço das famílias, alivia a carga sobre os municípios na atualização cadastral e qualifica as informações usadas pelos programas sociais”, explicou.
Como é feita a classificação de renda
O CadÚnico classifica as famílias em três grupos:
- Situação de pobreza: renda entre R$ 0 e R$ 218 por pessoa;
- Baixa renda: de R$ 218,01 a meio salário mínimo;
- Acima de meio salário mínimo: famílias com renda superior a esse patamar.
O cálculo da renda per capita considera o menor valor entre o rendimento de trabalho do último mês e a média dos últimos 12 meses, somando benefícios como BPC, aposentadoria, pensão alimentícia e doações.
Integração de bases e atualização cadastral
Desde 2023, o MDS tem integrado informações do CadÚnico com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o que permite incluir automaticamente rendas formais de trabalho e benefícios previdenciários.
Em sete rodadas de integração, foram atualizados os dados de 33 milhões de pessoas. Já na primeira rodada, 15% das famílias em situação de pobreza migraram para a faixa de baixa renda ou acima de meio salário mínimo, enquanto 29% das famílias de baixa renda passaram para um patamar superior.
Busca ativa e entrevistas domiciliares
Entre janeiro e julho de 2025, a proporção de cadastros atualizados com entrevista domiciliar aumentou de 11,5% para 40,2%, impulsionada pela aplicação da Lei nº 15.077/2024, que exige visitas domiciliares para ingresso de famílias unipessoais no Bolsa Família e no BPC, exceto no caso de indígenas, quilombolas e pessoas em situação de rua.
A busca ativa tem foco em famílias unipessoais e em Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos (GPTE), incluindo pessoas idosas, com deficiência, em situação de rua ou crianças em condição de trabalho infantil.
Avanço social
Os números do MDS revelam um movimento consistente de redução da pobreza e maior precisão nos registros do CadÚnico. Combinando políticas públicas, inclusão produtiva e atualização cadastral, o Brasil consolida avanços no combate à vulnerabilidade social e amplia a base de informações para fortalecer programas como o Bolsa Família.