Redução está ligada à ampliação de profissionais, vacinação e ações de combate à desnutrição e à malária; mortes por doenças infecciosas caíram mais de 70% desde 2023

Por Karol Peralta
A mortalidade no território indígena Yanomami, em Roraima, caiu 27,6% desde que foi decretada emergência em saúde pública em janeiro de 2023. De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados nesta quarta-feira (12), a queda está associada ao reforço das equipes médicas, ao avanço da vacinação e à melhora no acompanhamento nutricional da população indígena.
Desde o início da emergência sanitária em 2023, o território Yanomami registra avanços expressivos nos indicadores de saúde. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, as mortes por malária diminuíram 70%, as causadas por desnutrição caíram 70,6% e as relacionadas a infecções respiratórias reduziram 40,8% no comparativo entre o primeiro semestre de 2023 e o de 2025.
O ministério atribui os resultados à ampliação de recursos humanos e logísticos. Atualmente, 1.855 profissionais de saúde atuam no território — um aumento de 169% em relação ao início de 2023, quando havia apenas 690. O número de médicos subiu de seis para 63, e os atendimentos médicos cresceram de 8.341 para 19.184 no mesmo período.
Os atendimentos gerais à população também aumentaram: passaram de 441 mil em 2023 para mais de 470 mil no primeiro semestre de 2025, incluindo os realizados na Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista.
Redução de remoções de urgência
O número de remoções de urgência e emergência diminuiu 25%, enquanto as remoções eletivas aumentaram de 231 para 447 casos. Para o Ministério da Saúde, essa mudança indica melhor capacidade de resposta local e fortalecimento da atenção primária, permitindo que mais casos sejam resolvidos dentro do território.
“Os dados mostram uma reorganização dos fluxos assistenciais e maior resolutividade dos casos no território, com impacto direto na continuidade do cuidado”, destacou o ministério em nota.

Avanço no combate à malária
As mortes por malária caíram de dez para três entre os primeiros semestres de 2023 e 2025, uma queda de 70%. O número de testes realizados praticamente dobrou, passando de 78,5 mil em 2023 para 160 mil em 2025, um aumento acumulado de 103,7%.

Melhora no estado nutricional infantil
A vigilância nutricional também teve avanços. O acompanhamento de crianças subiu de 67% para 81,7%, e o número de menores de cinco anos com peso adequado aumentou de 47% para 49,7%. O percentual de crianças com muito baixo peso caiu de 24,5% para 19,8% entre 2024 e 2025.
Infecções respiratórias e vacinação
Os atendimentos por infecções respiratórias agudas cresceram 325%, passando de 3.100 em 2023 para 13.176 em 2025, o que, segundo o ministério, demonstra melhor detecção e resposta clínica.
Na vacinação, o território registrou alta de 59,5% nas doses aplicadas entre 2023 e 2024, mantendo o mesmo nível em 2025. O número de crianças com esquema vacinal completo passou de 32,2% para 57,8% entre menores de 1 ano e de 53,5% para 73,5% entre menores de 5 anos.
Esses indicadores apontam para uma trajetória de consolidação da saúde indígena, após anos de grave desassistência. O Ministério da Saúde reforça que seguirá com ações permanentes de vigilância, imunização e nutrição, com foco em garantir o direito à saúde dos povos Yanomami.





