Ministro do Trabalho defende revisão da escala 6×1 e debate jornada de quatro dias semanais

Durante seminário na Câmara dos Deputados, Luiz Marinho afirmou que o Brasil precisa avançar em um modelo de jornada de trabalho mais saudável e equilibrado, discutindo alternativas à escala 6×1

Por Karol Peralta

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, defendeu que o Brasil precisa avançar na revisão da jornada de trabalho e na construção de um modelo que garanta mais saúde, equilíbrio e previsibilidade aos trabalhadores. A declaração foi feita nesta segunda-feira (10), durante o seminário “Alternativas para o Fim da Escala 6×1”, realizado pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, em Brasília.


Debate sobre o fim da escala 6×1 e a PEC 8/25

O encontro reuniu sindicatos, empregadores e parlamentares para discutir a PEC 8/25, proposta que busca extinguir a escala 6×1 — modelo em que o trabalhador cumpre seis dias consecutivos de serviço e tem apenas um de descanso. A proposta sugere uma jornada de quatro dias de trabalho e três de descanso, com limite de 36 horas semanais.

Ainda em análise pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o debate tem como objetivo avaliar os impactos da atual escala na saúde física e mental dos trabalhadores, além da qualidade de vida e das relações sociais.


“É preciso enfrentar a perversidade nas relações de trabalho”

Durante o evento, Luiz Marinho destacou que o país precisa enfrentar o que chamou de “perversidade nas relações trabalhistas”, marcada pela desigualdade e precarização.

“Quando a gente olha para os números, vê que a desigualdade não é um acidente, mas resultado de escolhas históricas que penalizam os trabalhadores, especialmente os mais pobres. O papel do Estado é justamente corrigir isso, garantindo direitos e fortalecendo a fiscalização”, afirmou o ministro.


Avanços e desafios na redução da jornada

O ministro defendeu que mudanças legais são necessárias para que o país avance. Ele lembrou que a redução da jornada de 48 para 44 horas semanais, garantida pela Constituição de 1988, também enfrentou resistência.

“O mundo não acabou. As empresas se adaptaram, e muitas categorias já negociam 40 horas semanais”, destacou.

Segundo Marinho, experiências internacionais e empresariais com jornadas menores têm mostrado aumento da produtividade, da satisfação e da qualidade de vida dos trabalhadores.


Negociação coletiva e adaptação dos setores

Apesar de apoiar a ampliação do descanso semanal, o ministro reconheceu que nem todas as atividades econômicas podem adotar o mesmo modelo.

“Não existe lei capaz de determinar a grade de horários de todos os setores. Isso é papel da negociação coletiva”, ponderou.

Marinho ressaltou que o governo busca dialogar com trabalhadores, empregadores e o Parlamento para construir uma transição equilibrada e responsável.

“Precisamos avançar com serenidade e construir a transição necessária. É hora de virar a página da escala 6×1”, concluiu.


Debate aponta caminhos para um novo modelo de trabalho

O seminário reforçou a importância de repensar a estrutura das jornadas no Brasil, levando em conta a saúde mental, a produtividade e o bem-estar social. A proposta de redução da jornada sem perda salarial tem ganhado força em diversos países e já conta com experiências bem-sucedidas em empresas brasileiras.

O tema deve continuar em discussão no Congresso Nacional, com a expectativa de ampliar o debate público sobre modernização das relações trabalhistas e direitos dos trabalhadores.

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