Marcha das Mulheres Negras reúne milhares em Brasília e reforça luta por reparação histórica e bem viver

Ato nacional levou gerações de mulheres à Esplanada dos Ministérios e destacou pautas como combate ao racismo, justiça ambiental e fortalecimento de comunidades tradicionais.

Por Karol Peralta

A 2ª Marcha das Mulheres Negras, realizada na terça-feira (25) em Brasília, reuniu milhares de participantes de todas as regiões do país e reforçou pautas centrais como reparação histórica, bem viver e o enfrentamento ao racismo estrutural. O ato marcou uma década desde a primeira mobilização nacional, em 2015, e voltou a ocupar a Esplanada dos Ministérios com forte presença política e intergeracional.

A mobilização levou mulheres como Dona Teca, de 76 anos, que viajou 36 horas desde Crato (CE) até o Distrito Federal para participar do ato. “A gente vem por reparação e bem-viver e luta por justiça por este país, pela vida negra”, afirmou. Ao lado dela, a filha, Samara Alves Elpídio, reforçou a importância de ocupar o espaço público. “Nossos representantes têm que estar aqui para se posicionarem e verem de perto a realidade de cada uma”, disse.

Vindas de caravanas de todo o Brasil e acompanhadas por representantes de mais de 40 países, as participantes destacaram a continuidade da luta. Juliana Sobreira, que saiu de São Paulo para se juntar à Marcha, avaliou o ato como essencial para manter vivo o protagonismo das mulheres negras. “A gente está aqui para não deixar apagar nossos direitos e garantir que as crianças negras cresçam sabendo que temos uma posição, um direito e um lugar”, afirmou.

A concentração começou às 8h no Museu Nacional da República. Em seguida, quatro trios elétricos — representando as regiões brasileiras e o Comitê Global — avançaram pela Esplanada dos Ministérios. Ao longo da tarde, apresentações culturais reuniram artistas como Larissa Luz, Luana Hansen, Ebony, Prethaís, Célia Sampaio e Núbia, fortalecendo a dimensão cultural e simbólica da marcha.

De acordo com a organização, a mobilização integra a Semana por Reparação e Bem Viver, iniciada em 20 de novembro. A programação reforça temas como enfrentamento à violência racial e de gênero, participação política, justiça ambiental, proteção dos territórios quilombolas e valorização de comunidades tradicionais.

A narrativa que orientou esta edição destaca o Bem Viver como base para um novo modelo de sociedade, guiado por dignidade, democracia real e superação de desigualdades históricas.

Nos últimos anos, políticas relacionadas às pautas apresentadas por movimentos negros avançaram, segundo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ela citou iniciativas como o Programa Beatriz Nascimento, o fortalecimento de comunidades quilombolas, o reconhecimento de trancistas e mestres tradicionais, além de ações voltadas à produção de dados e formação antirracista. “A democracia que queremos nasce do chão da luta, dos territórios, do cuidado e da estratégia das mulheres negras”, afirmou.

A 2ª Marcha encerra a programação oficial nesta quarta (26), reunindo diferentes gerações em torno de reivindicações históricas que seguem mobilizando mulheres negras em todo o país e na diáspora.

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