
Capacitação de servidores no Aeroporto de Guarulhos e nos Correios visa reforçar barreiras sanitárias contra produtos de risco agropecuário
Por Karol Peralta
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), está promovendo treinamentos para operadores de raio-x que atuam na triagem de remessas internacionais, como forma de reforçar as barreiras sanitárias e fitossanitárias do país.
Na semana passada, a capacitação ocorreu no Centro Internacional de Tratamento de Encomendas dos Correios, na Vila Leopoldina (SP), e em uma empresa de logística no Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde são recebidas milhares de encomendas internacionais diariamente.
Segundo os auditores fiscais federais agropecuários Enrico Ortolani e Rita Lourenço, que conduziram o treinamento, o objetivo é orientar os operadores na identificação visual, via raio-x, de produtos que apresentam risco à produção agropecuária nacional — como sementes, petiscos, coleiras antiparasitárias e até animais taxidermizados.
Em 2023, das 12.318 remessas inspecionadas, 3.148 foram devolvidas aos remetentes por não cumprirem as exigências sanitárias — um índice de devolução de 25,6%.
Explosão nas importações via e-commerce
O aumento expressivo das compras internacionais pelos brasileiros após a pandemia impulsionou o volume de encomendas processadas. Para se ter ideia, o país recebeu:
- 5 milhões de remessas em 2022
- 60 milhões em 2023
- Quase 200 milhões de remessas em 2024 (até o momento)
A empresa privada de logística em Guarulhos, de origem chinesa, atualmente processa cerca de 200 mil pacotes por dia, mas tem capacidade para atingir 700 mil unidades diárias. O local opera com 14 aparelhos modernos de raio-x em dois turnos, com plano de expansão para atendimento 24 horas.
Quais produtos são proibidos?
Entre os itens mais frequentemente indeferidos ou devolvidos por falta de autorização sanitária estão:
- Coleiras antiparasitárias para cães
- Sementes de plantas
- Petiscos para animais
- Embutidos como salames e copas
- Bebidas alcoólicas não registradas
- Objetos de madeira sem tratamento
- Produtos veterinários (colírios, medicamentos)
- Produtos apícolas (mel, pólen, geleia real)
- Peixes, ninhos, crina de cavalo e troféus de caça
De acordo com os auditores, muitos desses produtos são declarados incorretamente nas embalagens — como “decoração” ou “presente” —, o que exige atenção redobrada dos operadores para detectar irregularidades.
Em uma inspeção recente, das 600 remessas pré-selecionadas, 400 eram coleiras antipulgas, produto que não pode entrar no Brasil sem registro sanitário no Mapa, pois pode causar riscos à saúde dos animais e ao meio ambiente.
Importância da capacitação
Com o crescimento do comércio eletrônico e o aumento da variedade de produtos importados, a capacitação dos operadores de raio-x é fundamental para proteger a produção agropecuária brasileira de pragas, doenças e substâncias tóxicas que poderiam entrar de forma disfarçada.
Além dos operadores de Guarulhos e São Paulo, servidores de Viracopos (Campinas) e Valinhos também foram treinados, e novas turmas estão previstas para os próximos meses.