
Campanha em Mato Grosso do Sul busca conscientizar sobre depressão pós-parto, ansiedade na gestação e os impactos do estigma na saúde emocional das mães
Por Karol Peralta
A maternidade ainda é romantizada por grande parte da sociedade. A figura da mãe idealizada, amorosa, serena, plena continua sendo imposta culturalmente, mesmo quando a realidade mostra o oposto. Quando uma mulher revela sentimentos como tristeza, exaustão, raiva ou angústia, é logo rotulada como “fraca”, “desequilibrada” ou “má mãe”. Essa cobrança silenciosa tem adoecido milhares de mulheres em silêncio.
📊 Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 1 em cada 4 mulheres desenvolve sintomas de depressão ou ansiedade durante a gestação ou no puerpério (período após o parto). Muitas sequer são diagnosticadas por medo do julgamento.
Foi o que viveu A.P., mãe de primeira viagem.
“Quando meu bebê tinha seis meses, percebi que havia algo errado. Eu estava prostrada e cansada. Dava de mamar, fazia arrotar e ninava no automático. Quando tomava banho, chorava muito. Tinha vergonha de me abrir com alguém e ser julgada. Tinha uma culpa enorme por sentir uma tristeza profunda. Hoje, lembrando esses momentos, percebo o quanto é cruel o silêncio que cerca a saúde mental das mães”, relata.
👩⚕️ De acordo com a psiquiatra Carolina Gomes da Silva, o puerpério exige atenção, empatia e acolhimento. “Muitas mulheres acabam desenvolvendo quadros depressivos e acham que os sintomas são típicos da maternidade. Sem conseguir fazer o autocuidado, podem sentir raiva do bebê, negligenciar cuidados ou, em casos mais graves, sofrer psicoses pós-parto. É fundamental ficar atenta a qualquer sinal”, explica.
📣 Campanha Maio Furta-Cor em Mato Grosso do Sul
Para dar visibilidade a essa realidade, foi criada a Campanha Maio Furta-Cor, que agora é lei estadual em Mato Grosso do Sul (Lei 6.121/2023), de autoria do deputado Pedro Kemp (PT). A iniciativa promove palestras, oficinas, seminários e distribuição de material informativo sobre a saúde mental materna.
“A campanha visa dar visibilidade às diferentes nuances da maternidade que, assim como a cor que lhe dá nome, muda de acordo com a luz. Ser mãe é uma experiência intensa e merece ser tratada com empatia e responsabilidade”, afirma o parlamentar.
💡 A proposta do Maio Furta-Cor é clara: romper com o mito da mãe perfeita, abrir espaço para o diálogo sincero sobre os desafios emocionais da maternidade e garantir que toda mulher tenha acesso à saúde mental, acolhimento e respeito.





