
Presidente Lula defende modelo sustentável de energia, critica conflitos na Ucrânia e Oriente Médio e pede maior atuação da ONU em cúpulas das maiores economias do mundo no Canadá
Por Karol Peralta
Em discurso na sessão ampliada da Cúpula do G7, realizada nesta terça-feira (17) no Canadá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o papel do Brasil na transição energética global, reforçando a importância da cooperação internacional para garantir um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Durante a sua nona participação em encontros do grupo das maiores economias do mundo, Lula também abordou a escalada de conflitos armados e cobrou maior protagonismo da Organização das Nações Unidas (ONU) na promoção da paz.
O presidente enfatizou que o Brasil está na linha de frente da transição energética e alertou para os riscos da exploração predatória dos minerais estratégicos, apontando que o país detém as maiores reservas mundiais de nióbio, além de grandes quantidades de níquel, grafita, terras raras, manganês e bauxita. “Não repetiremos os erros do passado, quando a exploração mineral gerou riqueza para poucos e destruição para muitos”, disse.
Lula ressaltou ainda que o Brasil foi pioneiro no investimento em energias renováveis em larga escala e destacou que o país é hoje o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, além de líder no desenvolvimento de tecnologias para motores flexíveis e na produção de hidrogênio verde e combustível sustentável para aviação.
Conflitos e violência
Ao tratar das questões internacionais, o presidente brasileiro reafirmou a posição contrária do Brasil ao uso da força para resolver disputas e criticou a guerra na Ucrânia, ressaltando que “nenhum dos lados conseguirá atingir seus objetivos pela via militar” e que somente o diálogo pode levar a um cessar-fogo duradouro.
No Oriente Médio, Lula condenou a matança indiscriminada de civis em Gaza e o bloqueio que tem causado fome generalizada entre a população palestina. Ele também criticou a escalada da violência entre Israel e Irã, alertando para o risco de transformar a região em um “único campo de batalha” com consequências globais.
Protagonismo da ONU
Lula também defendeu a retomada do protagonismo da ONU nas negociações de paz, destacando a situação crítica no Haiti, onde o crime organizado domina em meio à ausência de liderança internacional. “É o momento de devolver o protagonismo à ONU”, concluiu, lembrando que vários membros permanentes do Conselho de Segurança estão presentes na cúpula do G7.
O G7 e a agenda energética
O G7 reúne algumas das maiores economias do mundo — Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão, além da União Europeia — e tem como foco principal neste ano a segurança energética, com ênfase em tecnologia, inovação, diversificação de cadeias produtivas e investimentos em infraestrutura.
O Brasil mantém diálogo constante com os países do G7, tanto bilateralmente quanto no âmbito do G20 e de organismos internacionais, reforçando sua participação ativa na discussão de temas globais estratégicos.