
Presidente Lula prepara mudança no comando do Ministério das Mulheres antes de viagem à Rússia; Márcia Lopes deve assumir no lugar de Cida Gonçalves
Por Karol Peralta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve oficializar, nos próximos dias, a troca no comando do Ministério das Mulheres. A atual ministra, Cida Gonçalves, deverá ser substituída por Márcia Lopes, ex-ministra do Desenvolvimento Social e figura próxima ao presidente. A expectativa é que o anúncio ocorra antes da viagem de Lula à Rússia, marcada para esta quinta-feira (8).
Márcia Lopes, que já comandou uma pasta ministerial no governo Lula, foi convidada para assumir o Ministério das Mulheres ainda em março. Segundo apurado pelo MS Pantanal News, os dois se reuniram fora da agenda oficial naquele período, em um encontro descrito por aliados como uma “boa conversa”.
Márcia deve desembarcar em Brasília nesta segunda-feira (5) e a expectativa é que se reúna com o presidente no mesmo dia. A princípio, o termo de posse será assinado em uma cerimônia discreta com Lula, mas há possibilidade de um evento oficial maior após o retorno do petista da Rússia.
Na última sexta-feira (2), Lula se encontrou com Cida Gonçalves, atual titular da pasta, por cerca de meia hora. Oficialmente, o encontro serviu para tratar de temas como a implementação da lei de igualdade salarial. Nos bastidores do Palácio do Planalto, porém, o clima era de despedida.
A possível saída de Cida Gonçalves acontece em meio a críticas internas e baixo desempenho político. Fontes ouvidas no governo relatam que há meses a permanência da ministra era considerada insustentável, sobretudo diante da baixa visibilidade da pasta e de tensões com outros ministros.
Um dos episódios mais delicados ocorreu em fevereiro, quando Cida prestou depoimento à Comissão de Ética da Presidência da República, revelando que costumava interromper a agenda para atender ligações da primeira-dama Janja da Silva, com quem mantém relação próxima. Ela também afirmou que ignorava chamados de ministros como Alexandre Padilha e Márcio Macêdo, o que gerou desconforto no núcleo político do Planalto.
Na mesma ocasião, a ministra respondeu a uma denúncia — posteriormente arquivada — de assédio moral, por supostamente sugerir apoio financeiro a uma servidora em troca de silêncio sobre um caso de racismo.
A chegada de Márcia Lopes é vista como uma tentativa de reorganizar a comunicação do Ministério das Mulheres e de recuperar a confiança do núcleo político do governo. O momento é considerado estratégico, já que Lula busca fortalecer a imagem do governo no campo social antes de uma nova rodada de compromissos internacionais.