Presidente Lula defende multilateralismo, comércio justo e regulação digital em agenda internacional que inclui França, CARICOM, BRICS e possível presença no G7
Por Karol Peralta
Na manhã de ontem, terça-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso do Brasil com o diálogo multilateral, a defesa dos valores democráticos e a construção de parcerias comerciais e diplomáticas sólidas. As declarações foram feitas em conversa com jornalistas, às vésperas de sua visita de Estado à França, marcada para os dias 4 a 9 de junho.
Durante a viagem, o presidente terá encontros com o mandatário francês Emmanuel Macron, participará de atividades econômicas, culturais e acadêmicas, além de representar o Brasil na 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que será realizada em Nice. O evento internacional tem como foco a promoção do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, voltado à conservação e uso sustentável dos mares e recursos marinhos.
“Vamos discutir o acordo União Europeia-Mercosul, vamos discutir coisas na área da defesa, porque temos uma parceria na área do submarino nuclear e, ao mesmo tempo, vou ter uma reunião com os empresários brasileiros e franceses”, explicou Lula. “Queremos vender o bom momento do Brasil aos empresários franceses e mostrar que vale a pena investir aqui.”
Agenda cheia: CARICOM, BRICS e G7
A agenda do presidente vai além da França. No dia 13 de junho, Lula será o anfitrião da Cúpula Brasil-Caribe (CARICOM), em Brasília, reforçando o estreitamento de laços com os países caribenhos.
Em julho, será a vez do Brasil sediar a Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, onde o país terá papel central nas discussões sobre economia global, segurança alimentar, energia e reformas em instituições internacionais.
Lula também foi convidado para o encontro do G7, no Canadá. No entanto, sua participação ainda depende da definição de agenda. “Eu gostaria de ir porque sempre gosto de participar desse fórum e dar o recado que o Brasil tem que dar. Mas vai depender da agenda, porque voltar de uma viagem e depois emendar outra é pesado”, declarou.
Comércio justo e defesa da democracia
O presidente enfatizou a necessidade de relações comerciais mais justas, defendendo soluções negociadas no caso de tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
“Vamos tentar gastar todo o tempo possível negociando. Mas, se não houver acordo, nós vamos à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou adotaremos uma decisão de reciprocidade”, afirmou Lula, destacando que o Brasil deve manter sua postura firme no cenário internacional.
Combate à desinformação e regulação digital
Um dos principais temas abordados foi a regulação das plataformas digitais. Para Lula, a proliferação de fake news e discursos de ódio ameaça democracias e exige ação coordenada entre as nações.
O presidente revelou ter conversado diretamente com o presidente chinês, Xi Jinping, sobre a necessidade de uma regulação internacional das redes.
“Não é possível que o mundo seja transformado num banco de mentiras, em que vocês, que são jornalistas, tenham que desmentir notícias todos os dias. Por isso, temos que regulamentar, seja pelo Congresso Nacional ou pela Suprema Corte”, disse.
Gaza: “Não é guerra, é massacre”
Lula voltou a se posicionar firmemente sobre o conflito entre Israel e Palestina. Para o presidente, a situação em Gaza não pode ser tratada como guerra convencional.
“O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra. É um exército matando mulheres e crianças”, afirmou. Ele reiterou a importância do reconhecimento pleno do Estado Palestino, com fronteiras definidas e soberania garantida, como condição essencial para a paz duradoura.
Com uma agenda intensa nos próximos meses, Lula pretende reafirmar a imagem de um Brasil atuante, confiável e engajado nas grandes questões globais — da economia à sustentabilidade, da paz à regulação digital. A visita à França marca mais um passo na retomada do protagonismo internacional do país.
