
Presidente abre agenda em Pequim com compromissos que resultam em aporte bilionário para combustível sustentável no Brasil e centro de pesquisa em energia renovável com o SENAI CIMATEC
Por Karol Peralta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou nesta segunda-feira (12/5), em Pequim, sua agenda oficial na China com anúncios significativos para a transição energética brasileira. Em reuniões com executivos de grandes empresas chinesas, Lula garantiu um investimento de US$ 1 bilhão na produção de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) no Brasil e formalizou a criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em energia renovável, em parceria entre a Windey Technology e o SENAI CIMATEC.
O investimento em SAF será feito pela Envision Group, que atua nos setores de energia eólica, armazenamento de energia e tecnologia verde. O projeto utilizará cana-de-açúcar como matéria-prima, fortalecendo a posição do Brasil como potência mundial em biocombustíveis.
“Concluímos uma audiência com o anúncio de US$ 1 bilhão para produção de SAF no Brasil. O país se tornará um dos maiores produtores de combustíveis verdes de aviação”, afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Parceria tecnológica com o SENAI CIMATEC
Outro destaque foi o acordo com a Windey Technology para o desenvolvimento de um centro de pesquisa e inovação voltado à energia renovável, que incluirá capacitação de profissionais, projetos em energia eólica, solar e híbrida, além de armazenamento de energia — uma das maiores demandas atuais do setor energético brasileiro.
“Assinamos aqui um centro de P&D com o SENAI CIMATEC na área de energia renovável. Vamos formar talentos e instalar centros de pesquisa e produção no Brasil”, disse Costa.
Audiências com gigantes chinesas
Durante o dia, Lula realizou quatro audiências com executivos de empresas estratégicas:
- GAC Group (automobilismo)
- Windey Energy Technology Group (energia eólica)
- Norinco (defesa e infraestrutura)
- Envision Group (energia inteligente e SAF)
Esses encontros reforçaram o interesse da China em intensificar investimentos em setores-chave da economia brasileira, especialmente aqueles ligados à energia limpa e ao desenvolvimento tecnológico.
Relações comerciais em expansão
A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio bilateral bateu recorde, com US$ 157,5 bilhões em trocas comerciais. Somente no primeiro trimestre de 2025, o intercâmbio chegou a US$ 38,8 bilhões. A China também é o maior destino das exportações do agronegócio brasileiro, com destaque para carne bovina, soja e minério de ferro.
Além disso, a China é uma das principais fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil, com foco em energia, infraestrutura, transportes, telecomunicações e indústria. Entre 2007 e 2023, os investimentos chineses no país somaram US$ 73,3 bilhões, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
Aliança estratégica global
A visita de Lula também reforça a parceria estratégica global entre os dois países. O Brasil e a China atuam juntos em fóruns multilaterais como BRICS, G20, OMC e BASIC, discutindo temas como desenvolvimento sustentável, meio ambiente e cooperação econômica internacional.
“O presidente veio à China para fortalecer essa relação bilateral tão fundamental para o desenvolvimento e para a convergência de ambos os países”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Na terça-feira (13/5), Lula se reúne com o presidente chinês Xi Jinping, quando novos acordos devem ser firmados e discussões sobre energia limpa, infraestrutura e cooperação multilateral serão aprofundadas.