Presidente brasileiro firma acordos em áreas como inovação tecnológica, agricultura sustentável e transição energética; comércio com ASEAN cresce 12 vezes em duas décadas
Por Karol Peralta
Durante visita oficial à Ásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fortaleceu as relações do Brasil com países estratégicos como Malásia, Vietnã e Singapura, firmando acordos de cooperação nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e sustentabilidade. As reuniões bilaterais e eventos empresariais também consolidaram o papel do Brasil como parceiro ativo no comércio com o Sudeste Asiático.
Na Malásia, Lula se reuniu com o primeiro-ministro Anwar Ibrahim e firmou sete instrumentos de cooperação, incluindo memorandos nas áreas de semicondutores, ciência e tecnologia, inovação tecnológica, pesquisa espacial e agricultura sustentável. Também foram assinados acordos entre instituições de formação diplomática e centros de pesquisa, além da abertura de seis novos mercados a produtos brasileiros.
Durante a Reunião Empresarial Brasil–Malásia, representantes dos dois países ampliaram entendimentos em setores como biotecnologia, cultivo de algas, inovação genética e desenvolvimento sustentável, reforçando o interesse mútuo em inovação verde.
Em Hanói, o presidente se encontrou com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, e destacou o avanço da abertura do mercado vietnamita a produtos brasileiros. Lula reafirmou o objetivo de ampliar o fluxo comercial bilateral para 15 bilhões de dólares até 2030. Os líderes concordaram que a diversificação de parcerias é essencial para enfrentar os desafios do comércio global. O premiê vietnamita expressou interesse em fortalecer a relação com o MERCOSUL, e Lula sinalizou disposição para negociar um Acordo Quadro de Cooperação Econômica até o fim da presidência brasileira do bloco.
Em Singapura, o encontro com o primeiro-ministro Lawrence Wong reforçou a cooperação em inovação, economia verde e mineração. Os líderes discutiram investimentos em transição energética e descarbonização do setor de transportes, abordando temas como hidrogênio verde, combustíveis sustentáveis de aviação, diesel verde, energia eólica offshore e minerais estratégicos. Ambos destacaram o compromisso com uma governança climática mais efetiva no combate ao aquecimento global.
Na Cúpula Empresarial da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), Lula ressaltou o potencial de cooperação em sustentabilidade, transformação digital e segurança alimentar. O evento marcou uma nova fase nas relações entre o Brasil e o bloco asiático, que se tornou o quinto maior parceiro comercial brasileiro. A corrente comercial passou de US$ 3 bilhões em 2002 para US$ 37 bilhões em 2024, um crescimento de 12 vezes em duas décadas.
Lula também se reuniu com o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, para discutir as tarifas impostas às exportações brasileiras. O diálogo, que Lula classificou como “franco e construtivo”, tratou de possíveis caminhos para suspender as medidas e ampliar o diálogo econômico entre os dois países.
Encerrando a visita, o presidente recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia (UKM), em reconhecimento à sua trajetória política e à atuação em prol da inclusão social, do combate à fome e da cooperação internacional.
