Vereadora classifica como legítima a mobilização de trabalhadores diante de salários atrasados e aponta responsabilidade do Consórcio Guaicurus e do poder público

Por Karol Peralta
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) manifestou apoio à paralisação dos trabalhadores do transporte coletivo de Campo Grande e classificou como legítima a mobilização da categoria diante do atraso no pagamento de salários e direitos trabalhistas. Na madrugada desta segunda-feira (15), a parlamentar esteve em frente à principal garagem do Consórcio Guaicurus, na região da Moreninha, onde cerca de 200 ônibus deixaram de circular, afetando milhares de usuários.
Segundo Luiza Ribeiro, os trabalhadores decidiram não comparecer ao trabalho após sucessivos atrasos e descumprimentos de obrigações básicas. Para a vereadora, nenhum trabalhador pode ser refém de empresa alguma, especialmente em um serviço essencial como o transporte coletivo.
A categoria exige o pagamento imediato dos salários atrasados, incluindo o salário de novembro, o 13º salário e o adiantamento previsto para o dia 20, todos de forma integral. A reivindicação foi definida em assembleia geral do sindicato, realizada na madrugada da última quinta-feira (11).
Críticas ao Consórcio Guaicurus
Luiza Ribeiro afirmou ser inadmissível que uma empresa de grande porte, que atua há anos no sistema de transporte urbano da Capital e recebe recursos antecipados do vale-transporte, alegue dificuldades financeiras para cumprir compromissos trabalhistas.
“Estamos falando de direitos fundamentais. As famílias não podem esperar”, declarou a vereadora durante a mobilização.
Em nota divulgada na sexta-feira (12), o Consórcio Guaicurus informou ter efetuado o pagamento de 50% dos salários atrasados, medida considerada insuficiente pelos trabalhadores, que mantêm a paralisação até a quitação total dos valores. Áudios que circulam em grupos de WhatsApp da categoria revelam desconfiança nas negociações e temor de novos adiamentos.
Responsabilidade do poder público
Além das críticas à empresa, a vereadora também cobrou providências imediatas da Prefeitura de Campo Grande, responsável pela concessão do serviço. Para Luiza, a situação se tornou insustentável e penaliza diretamente tanto os trabalhadores quanto a população que depende do transporte coletivo.
A parlamentar defende uma posição firme do Executivo municipal diante do impasse e lembra que o conflito vai além da relação trabalhista, impactando a mobilidade urbana, o acesso ao trabalho e aos serviços básicos.
Faturamento bilionário e queixas dos usuários
Dados levantados durante a CPI do Transporte Coletivo, realizada neste ano na Câmara Municipal, apontam que o Consórcio Guaicurus faturou mais de R$ 1,8 bilhão desde que assumiu a concessão do transporte público em Campo Grande.
Apesar do elevado faturamento, reclamações de usuários seguem frequentes, incluindo atrasos, superlotação e condições precárias dos ônibus. Mesmo assim, a empresa atribui dificuldades financeiras à suposta inadimplência do poder público e recorre à Justiça em busca de mais recursos, além da arrecadação com tarifas e publicidade.
Pedidos de intervenção
Diante do cenário, Luiza Ribeiro reforçou que já existem pedidos formais de intervenção no transporte coletivo protocolados na Prefeitura, além de mobilização popular por mais transparência e responsabilidade na gestão do serviço.
Para a vereadora, a crise expõe a necessidade de uma revisão profunda do modelo de concessão, com respeito aos trabalhadores, aos usuários e ao caráter essencial do transporte público.





