
Nova regra contábil e inadimplência no agronegócio derrubam lucro do Banco do Brasil, que fecha primeiro trimestre com R$ 7,3 bilhões — menor resultado em quatro anos.
Por Karol Peralta
O Banco do Brasil (BB) iniciou o ano de 2025 com um desempenho financeiro abaixo do esperado. De janeiro a março, o banco registrou lucro líquido ajustado de R$ 7,3 bilhões, uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período de 2024 e de 23% em comparação com o último trimestre do ano passado.
📉 O resultado interrompe uma sequência de 16 trimestres consecutivos de alta no lucro do banco.
🧾 Novas regras contábeis impactaram o resultado
Segundo o BB, a principal causa da queda foi a entrada em vigor da Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alterou a contabilidade das instituições financeiras.
🧮 Essa resolução, aprovada em 2021 e válida a partir de janeiro de 2025, implementou um novo modelo de provisões para perdas esperadas, reduzindo o reconhecimento imediato de receitas. Com isso, o banco deixou de contabilizar R$ 1 bilhão em receitas de crédito por conta da aplicação do regime de caixa.
🌾 Inadimplência no agronegócio pressiona desempenho
Outro fator que pesou no balanço foi a inadimplência no setor do agronegócio, área em que o BB é líder.
📊 O índice de inadimplência total subiu para 3,86% no 1º trimestre, contra 3,32% no final de 2024. No agro, a inadimplência atingiu 3,04%, reflexo de quebras de safra e dos juros altos.
📉 BB revisa projeções para 2025
Diante do cenário, o Banco do Brasil anunciou que irá rever suas projeções de lucro, margem financeira e custo do crédito para 2025. As novas estimativas ainda não foram divulgadas.
🔍 As metas anteriores previam:
- Lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões
- Margem financeira bruta entre R$ 111 bilhões e R$ 115 bilhões
- Custo do crédito entre R$ 38 bilhões e R$ 42 bilhões
💳 Crédito em expansão mesmo com lucro menor
Apesar da queda no lucro, a carteira de crédito ampliada do banco continuou a crescer, chegando a R$ 1,278 trilhão — alta de 14,4% em 12 meses.
🔹 Pessoa Física: R$ 335,8 bi (+6,6% em 1 ano)
🔹 Pessoa Jurídica: R$ 459,9 bi (+22,4%)
🔹 Agronegócio: R$ 406,2 bi (+9%)
🔹 Crédito Sustentável: R$ 393,5 bi (+9,6%)
O destaque foi o novo crédito consignado para trabalhadores CLT, que ajudou a impulsionar o segmento de pessoa física.
📉 Receitas e despesas
As receitas com serviços caíram 9% no trimestre, mas cresceram 0,2% em 12 meses. Já as despesas administrativas ficaram praticamente estáveis no trimestre (-0,1%) e cresceram 7% em relação a março de 2024.
O resultado do Banco do Brasil no início de 2025 sinaliza um momento de atenção para o setor bancário, especialmente diante das novas exigências contábeis e do cenário desafiador no agronegócio. O mercado aguarda agora os novos parâmetros de projeção do banco e os próximos passos da política de crédito da instituição.
📌 A queda expressiva no lucro reforça a importância de ajustes estratégicos e acompanhamento dos riscos de crédito em setores-chave da economia.