Lavanderias públicas transformam cuidado em política de Estado e liberam tempo para mulheres em todo o Brasil

Com investimento de R$ 13 milhões, Governo do Brasil implanta 17 lavanderias comunitárias que unem sustentabilidade, autonomia feminina e inclusão social

Por Karol Peralta

No Dia Internacional dos Cuidados e do Apoio, celebrado nesta quinta-feira (29), o Governo do Brasil anunciou o investimento de R$ 13 milhões na criação de 17 lavanderias públicas e comunitárias. A iniciativa integra o Plano Nacional de Cuidados e transforma o ato cotidiano de lavar roupas em uma política de Estado voltada à autonomia das mulheres, à sustentabilidade e à redução da sobrecarga doméstica.

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As lavanderias públicas surgem como símbolo de um novo tempo no Brasil: o de transformar o cuidado em uma responsabilidade coletiva e em um direito social. Os espaços oferecem áreas de lavagem e secagem, brinquedoteca, sala multiuso para cursos e oficinas, além de ações culturais e de lazer, garantindo que o tempo liberado do trabalho doméstico seja reapropriado em aprendizado, convivência e autonomia.

De acordo com a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, as lavanderias “são um exemplo concreto de como políticas de cuidado podem transformar vidas. Quando liberamos tempo para as mulheres, estamos devolvendo dignidade, autonomia e oportunidade de participação plena na sociedade. Não se trata apenas de lavar roupas, mas de mudar uma cultura e garantir justiça de gênero”.

A primeira unidade, inaugurada em Caruaru (PE), já mudou a rotina de dezenas de famílias. A artesã Isabel Santiago, de 53 anos, conta que antes lavava roupas à mão e não tinha tempo para o artesanato. “Agora consigo lavar tudo em um único dia e usar o restante da semana para produzir, estudar e ficar com a família”, afirma.

As lavanderias também funcionam como espaços de acolhimento e aprendizado. A auxiliar de educação infantil Ingrid dos Santos, de 39 anos, diz que a estrutura pública ajudou a equilibrar a rotina. “A lavagem de roupa é a tarefa que mais consome tempo. Com a lavanderia, consigo estudar pedagogia, cuidar dos meus filhos e ainda participar das oficinas oferecidas”.

Além do impacto social, o projeto é ambientalmente sustentável: as máquinas reduzem o consumo de água e energia, e parte dos recursos é reutilizada. As unidades também incentivam a participação de homens e jovens, desconstruindo a ideia de que o cuidado é uma tarefa exclusivamente feminina.

Os investimentos incluem R$ 471,8 mil em Caruaru (PE), R$ 621,8 mil em Petrópolis (RJ) e R$ 1,3 milhão no Piauí, para unidades em Teresina e Parnaíba. Outros estados, como Ceará e Bahia, estão em negociação para receber novas instalações.

Segundo Rosane Silva, secretária nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, “o Brasil precisa reconhecer o cuidado como um direito e uma responsabilidade coletiva. As lavanderias públicas mostram que é possível unir eficiência, sustentabilidade e inclusão social em um mesmo equipamento”.

Os dados da PNAD Contínua 2022 reforçam a urgência da política: as mulheres brasileiras dedicam, em média, 21,3 horas semanais a afazeres domésticos e cuidados — quase o dobro da média dos homens. Entre as mulheres negras, idosas e de baixa renda, essa carga é ainda maior.

As lavanderias públicas integram o Plano Nacional de Cuidados, sancionado em dezembro de 2024, que também inclui as Cuidotecas e o projeto Mulheres Mil. Regulamentada pelo Decreto nº 12.562/2025, a Política Nacional de Cuidados estabelece que o cuidado deve ser direito de todos e dever compartilhado entre Estado, famílias, sociedade civil e setor privado.

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