
Transporte de Kenya pela BR-163 é acompanhado por equipe especializada e PRF; animal será acolhido em santuário de 1.500 hectares em Mato Grosso
Por Karol Peralta
A elefanta Kenya, de 44 anos e considerada o último exemplar da espécie em cativeiro na Argentina, está realizando uma viagem histórica que cruza o território brasileiro, passando pela rodovia BR-163, em Mato Grosso do Sul, rumo ao Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado em Mato Grosso.
O transporte do animal, que começou na Argentina e segue até o santuário brasileiro, abrange aproximadamente 4 mil quilômetros e está sendo conduzido com rigoroso planejamento para garantir o bem-estar e a segurança de Kenya ao longo do percurso. A viagem deve durar cerca de cinco dias e foi autorizada pela Subsecretaria Nacional do Meio Ambiente da Argentina.
Operação cuidadosamente planejada e monitorada
A operação de transporte conta com um comboio composto por seis veículos, incluindo:
- 1 caminhão adaptado para o transporte da elefanta;
- 3 vans para equipe técnica;
- 2 viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que garantem segurança e escolta ao longo da BR-163 e demais rodovias.
As paradas do trajeto são realizadas com intervalos de 2 a 4 horas, conforme o comportamento e as necessidades do animal, buscando sempre pontos adequados para descanso, alimentação e hidratação. Segundo o Santuário, Kenya está confortável e se alimentando bem durante a viagem.
A equipe acompanhará Kenya durante toda a noite em Mato Grosso do Sul, monitorando suas condições para evitar qualquer estresse ou desconforto.
Destino final: santuário de 1.500 hectares com ambiente natural
Ao chegar ao Brasil, Kenya será recebida no Santuário de Elefantes Brasil, que dispõe de uma área natural de 1.500 hectares destinada a abrigar e cuidar de elefantes resgatados ou que vivem em cativeiro.
No local, Kenya terá convívio com outros elefantes, condições ideais para sua qualidade de vida e suporte veterinário especializado.
Histórico e preparação para a viagem
A transferência de Kenya é resultado de um processo iniciado em 2017, quando o governo da província de Mendoza, na Argentina, começou um cuidadoso trabalho de treinamento comportamental e realização de exames veterinários para garantir que a elefanta estivesse apta para a longa viagem.
Ignacio Haudet, diretor de Biodiversidade e Ecoparque de Mendoza, detalhou a complexidade da operação: “Primeiro foi necessário encontrar um local que atendesse às condições internacionais para receber um animal dessa envergadura. Depois, planejar toda a logística e treinamento para garantir o certificado veterinário internacional.”
Essa mobilização representa um avanço significativo para a proteção animal e para o compromisso entre Argentina e Brasil na conservação e cuidado de espécies ameaçadas ou em situação de cativeiro.
Esta transferência reforça a importância de operações internacionais coordenadas para o bem-estar animal e o resgate de espécies que vivem em condições inadequadas, além de evidenciar a cooperação ambiental entre países sul-americanos.