Homens usavam Pix, empresas e laranjas para ocultar valores do tráfico de drogas, aponta investigação da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul

Por Karol Peralta
A Vara Criminal de Paranaíba, município localizado no leste de Mato Grosso do Sul, condenou dois homens por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas. As investigações, conduzidas pela Polícia Civil por meio da Operação Sansão, revelaram que os réus movimentavam altas quantias por meio de transações financeiras suspeitas com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos recursos.
Segundo a polícia, o caso começou a ser investigado após a prisão de um dos suspeitos por tráfico de drogas. Durante o inquérito, a Delegacia de Polícia de Paranaíba identificou uma evolução patrimonial incompatível com a renda declarada pelo investigado, levantando suspeitas de atividade criminosa.
A apuração se intensificou com o uso de ferramentas de inteligência artificial, que ajudaram a analisar milhares de transações bancárias. A tecnologia detectou padrões típicos de lavagem de dinheiro, como transferências via Pix com valores idênticos e frequentes, movimentações entre contas pessoais e empresariais dos investigados e o uso de terceiros, conhecidos como “laranjas”, para intermediar as transações.
Com autorização judicial, foram realizadas quebras de sigilo bancário e cruzamento de dados financeiros. A análise confirmou que os dois réus agiam em conluio para disfarçar a origem dos valores provenientes do tráfico de drogas, caracterizando o crime de lavagem de dinheiro.
A sentença da Vara Criminal aponta que os envolvidos atuavam em diferentes etapas do processo de lavagem, desde a colocação dos valores no sistema financeiro, passando pela ocultação, até a integração dos recursos na economia formal. A estratégia incluía misturar bens lícitos com os recursos ilícitos, o que, segundo a Justiça, demonstrou de forma clara a intenção criminosa.
Ambos os acusados foram presos preventivamente durante a investigação. Agora condenados, um dos réus cumprirá pena de 10 anos e 10 meses de reclusão, enquanto o outro foi sentenciado a 9 anos e 10 meses, ambos por lavagem de dinheiro, crime previsto na Lei nº 9.613/1998.
A Operação Sansão continua em andamento e outras ramificações do esquema ainda estão sob apuração. A Polícia Civil não descarta novas prisões e denúncias relacionadas ao caso.