Intenção de consumo cresce em dezembro, mas famílias mantêm cautela em Campo Grande

ICF fecha o mês em 105,5 pontos, impulsionado por renda e expectativa de consumo, enquanto crédito e compra de duráveis seguem limitados

Por Karol Peralta

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou leve alta em dezembro em Campo Grande, encerrando o mês em 105,5 pontos, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar do avanço, o índice aponta um cenário de otimismo moderado, marcado por cautela nas decisões de compra, especialmente entre famílias de menor renda.

Na comparação com novembro, o indicador apresentou alta de 0,4%, permanecendo acima da linha dos 100 pontos — que sinaliza percepção positiva —, mas abaixo do patamar observado em dezembro de 2024. O desempenho foi influenciado principalmente pela perspectiva de consumo, que subiu 4,8%, além da percepção de renda atual (+1,4%) e do nível de consumo atual (+1,5%).

A análise por faixa salarial mostra um contraste significativo. Enquanto as famílias com renda acima de 10 salários mínimos alcançaram 117,5 pontos, aquelas com rendimento de até 10 salários mínimos ficaram em 103,1 pontos, evidenciando maior sensibilidade às condições econômicas.

O emprego segue como um dos principais fatores de sustentação do consumo, mesmo com sinais de perda de fôlego. O índice que mede a situação atual do emprego recuou 0,8% no mês, mas manteve nível elevado, em 138,2 pontos. Mais da metade dos entrevistados (52%) afirmou sentir-se mais segura no trabalho do que no mesmo período do ano passado, embora o percentual de desempregados (8,4%) indique avanço da insegurança entre famílias de menor renda.

Já a perspectiva profissional apresentou queda de 1,6%, fechando em 125 pontos. Apesar de 54,8% dos consumidores acreditarem em melhora nos próximos seis meses, o recuo sinaliza incertezas em relação ao mercado de trabalho em 2026, especialmente entre famílias de maior renda, que demonstram preocupação com investimentos e estabilidade econômica.

A avaliação da renda atual mostrou leve recuperação, com índice de 114,1 pontos. Para 46,8% das famílias, a renda permanece igual à do ano passado, enquanto 33,4% percebem melhora. Mesmo assim, o nível de consumo atual segue baixo, em 86,1 pontos, indicando comportamento mais conservador. Cerca de 33,6% afirmaram estar consumindo menos do que em 2024.

O acesso ao crédito permanece como um dos principais entraves ao consumo. O índice caiu 1,3%, encerrando o mês em 88,1 pontos, abaixo da zona de satisfação. Para 26,1% dos entrevistados, está mais difícil comprar a prazo, reflexo direto de juros elevados e maior rigor na concessão de crédito.

Esse cenário impacta diretamente o momento para compra de bens duráveis, que ficou em 88,6 pontos. Quase metade das famílias (49,4%) avalia que não é um bom momento para adquirir itens como eletrodomésticos e eletrônicos, percepção mais acentuada entre consumidores de menor renda.

Apesar das restrições, a expectativa de consumo apresentou o melhor desempenho do mês, com índice de 98,5 pontos, ainda abaixo da linha de satisfação, mas indicando leve aquecimento nos próximos meses. Entre os entrevistados, 25,7% acreditam que o consumo será maior do que no ano passado, enquanto 45,6% esperam estabilidade.

O resultado de dezembro aponta que Campo Grande encerra 2025 com consumo sustentado pela estabilidade da renda e do emprego, porém limitado por crédito restrito, incertezas profissionais e decisões mais prudentes. Para 2026, a tendência é de comportamento seletivo, com prioridade para gastos essenciais e adiamento de compras de maior valor, sobretudo entre famílias de menor renda.

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