Conhecido como inflação do aluguel, o IGP-M caiu -0,77% em julho, com destaque para a queda no IPA, puxada por produtos agropecuários e minérios, segundo a Fundação Getulio Vargas

Por Karol Peralta
O Índice Geral de Preços no Mercado (IGP-M), conhecido como inflação do aluguel, registrou queda de -0,77% em julho, marcando a terceira deflação consecutiva em 2025. Dos sete meses do ano, quatro apresentaram resultados negativos. Em junho, a deflação foi ainda maior, de -1,67%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Esse é o primeiro ano desde 2023 em que o IGP-M apresenta uma sequência tão prolongada de quedas. No acumulado de 12 meses, o índice soma alta de 2,96%, o menor patamar desde junho de 2024, quando havia ficado em 2,45%. Para comparação, em março de 2025, o índice estava em 8,58%. Já em julho do ano passado, a variação havia sido de 0,61%.
Componentes do IGP-M
O IGP-M é composto por três subíndices:
- IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) – representa 60% do índice total
- IPC (Índice de Preços ao Consumidor) – representa 30%
- INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) – representa 10%
IPA: queda nos produtos agropecuários
O principal responsável pela deflação de julho foi o IPA, que caiu -1,29% no mês. Entre os itens com maiores quedas estão:
- Café em grão: -22,52%
- Batata-inglesa: -29,63%
- Milho em grão: -7,54%
- Minério de ferro: -1,86%
Essas reduções têm impacto direto nos preços ao produtor e indicam uma retração nos custos da cadeia produtiva agropecuária e mineral.
IPC: conta de luz e passagens aéreas pressionam
Já o IPC teve alta de 0,27% em julho. Os principais itens que pressionaram o índice para cima foram:
- Conta de luz: +2,74%
- Passagens aéreas: +6,29%
Vale destacar que o mês de julho costuma registrar aumento na demanda por voos devido às férias escolares. Além disso, a bandeira tarifária vermelha patamar 1 foi mantida, com cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos.
INCC: alta na mão de obra e insumos
O INCC, que representa os custos da construção civil, registrou alta de 0,91% no mês. Dentro do indicador:
- Materiais, equipamentos e serviços subiram 0,86%
- Mão de obra teve elevação de 0,99%
Esses números indicam que, mesmo com deflação nos produtores, os custos de construção continuam em alta.
Impacto nos aluguéis e tarifas públicas
O IGP-M é usado como base para o reajuste de contratos de aluguel, além de servir como referência para tarifas públicas e serviços essenciais. Com a deflação acumulada em alguns meses e a alta contida em 12 meses (2,96%), o índice pode resultar em reajustes mais moderados nos próximos contratos residenciais e comerciais.
A coleta de preços do IGP-M é feita pela FGV em sete capitais brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. O período de apuração da edição de julho foi de 21 de junho a 20 de julho.