Redução interrompe tendência pós-pandemia e revela diferenças entre homens e mulheres no trabalho remoto
Por Karol Peralta
Pelo segundo ano consecutivo, caiu o número de pessoas que trabalham em casa no Brasil. Em 2024, cerca de 6,6 milhões de brasileiros exerciam suas atividades profissionais no próprio domicílio, o equivalente a 7,9% dos trabalhadores, segundo edição especial da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta-feira (19) pelo IBGE. Em 2022, essa parcela chegava a 8,4%.
A queda representa uma inversão na tendência de expansão do home office, impulsionada pela pandemia de covid-19. O levantamento mostra que o recuo começou em 2023 e se manteve no último ano, embora o percentual ainda esteja acima do registrado antes da pandemia. Em 2019, apenas 5,8% trabalhavam em casa.
O estudo analisa o comportamento de 82,9 milhões de trabalhadores, excluindo servidores públicos e empregados domésticos. Mesmo com a redução, o trabalho remoto permanece mais comum entre mulheres: elas representam 61,6% dos profissionais em home office. Considerando o total da força de trabalho feminina, 13% atuavam de casa em 2024, contra 4,9% entre os homens.
Para o analista da pesquisa, William Kratochwill, o indicador inclui trabalhadores que utilizam coworkings, já que a classificação considera quem trabalha a partir do domicílio de residência como base, mesmo que parte das atividades seja realizada em espaços compartilhados.
A pesquisa também detalha outros locais de trabalho: 59,4% atuam no próprio empreendimento, 14,2% em local designado pelo empregador e 8,6% em áreas rurais, como sítios e fazendas. Já o trabalho em veículo automotor, impulsionado por aplicativos de transporte e por atividades como food truck, passou de 3,7% em 2012 para 4,9% em 2024. Nessa categoria, apenas 5,4% são mulheres.
A retração do home office tem gerado tensões no mercado. Em novembro, o Nubank anunciou mudanças no modelo remoto, o que levou à demissão de 12 funcionários, segundo o Sindicato dos Bancários. Em março, trabalhadores da Petrobras promoveram paralisação contra a redução do teletrabalho.
