Ministério da Saúde entrega blast-freezers, ultrafreezers e freezers para 125 serviços de hemoterapia, reduz dependência de importações e fortalece a produção de imunoglobulinas e outros hemoderivados no país.

Por Karol Peralta
O Ministério da Saúde anunciou o reforço da Hemorrede pública com a entrega de novos equipamentos de alta tecnologia para ampliar a produção e o armazenamento de plasma no Brasil. A iniciativa, alinhada ao programa Agora Tem Especialistas e financiada com R$ 116 milhões do Novo PAC Saúde, beneficiará 125 serviços de hemoterapia em 22 estados e fortalece a autossuficiência do país na produção de hemoderivados.
O ministro da Saúde destacou, durante visita ao Hemorio, no Rio de Janeiro, que o Brasil avança rumo à autossuficiência na produção de hemoderivados, reduzindo a histórica dependência de importações.
“Durante muito tempo, o Brasil não produzia os fatores que derivam do plasma e tínhamos que importar o tempo todo, gerando insegurança para quem tem doenças que dependem dos hemoderivados. (…) É um passo muito importante no cuidado à saúde para salvar a vida de tantas pessoas”, afirmou.
A iniciativa é impulsionada por um investimento de R$ 116 milhões do Novo PAC Saúde e faz parte do programa Agora Tem Especialistas. Os equipamentos já começaram a ser instalados e devem ser entregues totalmente até o primeiro trimestre de 2026.
Aumento da capacidade de produção
Com a compra de 604 novos equipamentos — entre blast-freezers, ultrafreezers e freezers — a Hemorrede passa a contar com tecnologia de congelamento ultrarrápido, essencial para garantir que o plasma sanguíneo mantenha qualidade industrial.
Os blast-freezers permitem congelamento em temperaturas que chegam a –30°C, condição necessária para preservar proteínas utilizadas na fabricação de imunoglobulinas, albumina e fatores de coagulação.
Com o reforço na infraestrutura, a Hemobrás — maior fábrica de hemoderivados da América Latina — poderá atingir sua capacidade total de processamento: até 500 mil litros de plasma por ano, ampliando a oferta de medicamentos estratégicos para o SUS.
O crescimento tem sido expressivo. Entre 2022 e 2025, a disponibilização de plasma para a Hemobrás aumentou de 62,4 mil litros para 242,1 mil litros — salto de 288%.
Redução da dependência de importações
O avanço representa um marco para o sistema público de saúde. Com maior oferta de plasma armazenado adequadamente, o Brasil diminui a exposição ao mercado internacional, marcado pela alta demanda e pelo aumento de preços.
Durante a pandemia, o país enfrentou dificuldades para importar imunoglobulina — medicamento essencial para diversas doenças. Agora, o Ministério da Saúde reforça que ampliar a produção nacional é questão de soberania sanitária.
Impacto para pacientes com doenças raras
O fortalecimento da Hemorrede pública beneficia diretamente pessoas com doenças raras, deficiências de coagulação e imunodeficiências congênitas, que dependem de hemoderivados para sobreviver.
Com mais produção interna, mais pacientes terão acesso a tratamentos contínuos, sem risco de desabastecimento.
Doação voluntária continua essencial
O anúncio ocorre durante a Semana Nacional do Doador de Sangue. Em 2024, o Brasil coletou mais de 3,3 milhões de bolsas de sangue — o equivalente a 1,6% da população.
Apesar disso, apenas 13% do plasma coletado é usado em transfusões, o que significa que 87% pode ser destinado à fabricação de hemoderivados — reforçando a importância de manter estoques adequados.
Tecnologia 100% nacional impulsiona segurança
O ministro também destacou que a Hemorrede pública brasileira é referência mundial por aplicar 100% dos testes NAT (Teste de Ácido Nucleico), que detectam vírus antes da formação de anticorpos.
A Rede NAT, totalmente implementada desde 2011, analisa cerca de 3,5 milhões de amostras por ano, garantindo um dos níveis mais altos de segurança transfusional do mundo.
O kit NAT Plus, desenvolvido por Bio-Manguinhos/Fiocruz, é a primeira tecnologia registrada capaz de detectar malária em triagem molecular de sangue — inovação 100% brasileira reconhecida internacionalmente.
A Fiocruz também receberá investimento de R$ 5 bilhões para construção de uma nova fábrica em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, com potencial de aumentar o PIB estadual em 1%.





