
Mais de 100 lideranças indígenas participaram de reunião em Tucumã (PA) durante operação de retirada de garimpeiros da Terra Indígena Kayapó
Por Karol Peralta
Em uma importante demonstração de respeito à autonomia dos povos originários, o Governo Federal promoveu, na última quinta-feira (1º), um diálogo com mais de 100 lideranças do povo Kayapó, no município de Tucumã (PA). A reunião ocorreu no contexto da operação de desintrusão na Terra Indígena Kayapó, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que visa a retirada de garimpeiros ilegais da região.
A pauta central do encontro foi a construção de um futuro sustentável para os mais de 6 mil indígenas que vivem no território. Representantes do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), da Casa Civil e de associações Kayapó debateram estratégias para garantir a subsistência, a preservação ambiental e a valorização cultural da comunidade.
Devastação causada pelo garimpo ilegal
A Terra Indígena Kayapó sofre com a destruição provocada pela exploração ilegal de recursos naturais. São 274 hectares devastados pelo garimpo, onde o ouro extraído deixa um rastro de desmatamento, contaminação e violência. A operação federal tem como foco a retirada de invasores e seus maquinários, em uma ação coordenada por cerca de 20 órgãos federais.
Nilton Tubino, coordenador-geral da operação pela Casa Civil, enfatizou que a ação está em conformidade com decisões judiciais. “O objetivo é retirar os garimpeiros ilegais, seus equipamentos e materiais destrutivos, e devolver ao povo Kayapó o seu território”, afirmou.
Autonomia e gestão sustentável
O encontro reforçou a importância do protagonismo indígena na gestão territorial. Representantes das associações Tuto Pombo, Kranhmenhti, Pore Kayapó, Angrôkere e Piokrere reafirmaram o compromisso com o plano de gestão ambiental e territorial da Terra Indígena Kayapó, lançado no final de 2024. O documento estabelece diretrizes para a governança ambiental e o desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis, respeitando os modos de vida tradicionais.
“O seguro rural é um instrumento de proteção fundamental para o produtor, ainda mais diante desse cenário de aumento da frequência e da severidade dos eventos climáticos adversos. Apenas nos últimos cinco anos, as seguradoras pagaram cerca de R$ 19 bilhões em indenizações aos produtores. Essas indenizações permitiram que milhares de produtores fossem ressarcidos das suas perdas na produção, mantendo a estabilidade financeira do seu negócio”, ressaltou o secretário de Política Agrícola do Mapa, Guilherme Campos.
Compromisso com os povos indígenas
Marcos Kaingang, secretário nacional de Direitos Territoriais Indígenas do MPI, ressaltou que a iniciativa do governo tem como base a escuta ativa e o respeito à autonomia dos povos originários. “Não viemos aqui impor soluções. Viemos ouvir, construir juntos e respeitar a autonomia dos povos indígenas”, declarou.
A operação na Terra Indígena Kayapó é a oitava ação de desintrusão coordenada pelo Governo Federal desde 2023, como parte do compromisso em proteger os povos indígenas e combater crimes ambientais. As ações conjuntas refletem um novo modelo de governança: participativo, sustentável e pautado pelo diálogo.