Ministérios da Justiça e Saúde anunciam investigação da Polícia Federal e protocolos do SUS diante de intoxicações por bebidas alcoólicas adulteradas

Por Karol Peralta
Durante coletiva à imprensa realizada na manhã desta terça-feira (30), em Brasília (DF), o Governo do Brasil apresentou um plano de ação federal diante dos casos de intoxicação por metanol, relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, situação detectada recentemente no estado de São Paulo.
Investigação e medidas federais
A primeira providência anunciada foi a abertura de inquérito pela Polícia Federal, determinada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), para apurar a procedência do metanol e investigar uma possível rede de distribuição ilícita entre estados. Paralelamente, a Secretaria Nacional do Consumidor instaurou inquérito administrativo para acompanhar os casos e avaliar medidas adicionais de proteção aos consumidores.
O Ministério da Saúde determinou que todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) realizem notificação imediata de casos suspeitos de intoxicação exógena por metanol. Ainda nesta terça, será publicada uma nota técnica com orientações aos profissionais de saúde, especialmente da rede de urgência e emergência, sobre protocolos de atendimento e registro.
Além disso, o governo reforçou a divulgação de alertas a Procons de todo o país e enviará notas técnicas a estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas, a fim de evitar novos casos.
Participaram da coletiva os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Alexandre Padilha (Saúde), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e secretários das pastas envolvidas.
Novo padrão de intoxicação
O ministro Lewandowski explicou que os casos recentes apresentam um padrão inédito, diferente das ocorrências históricas, que afetavam majoritariamente pessoas em extrema vulnerabilidade ou em situação de rua. A partir de setembro, pacientes intoxicados relataram consumo de bebidas destiladas em bares e eventos sociais, incluindo gin, whisky e vodka.
“Desde sexta-feira estamos acompanhando isso com mais intensidade e temos o nosso sistema de alerta rápido, criado em fevereiro deste ano, para detectar novas drogas em todo o país. Assim que identificada a substância, o sistema emite alerta nacional, principalmente para a rede de saúde pública, permitindo providências imediatas para prevenir e tratar sintomas”, explicou Lewandowski.
Providências e orientação
Diante do ineditismo da situação, o MJSP alerta para casos possivelmente não notificados, que ainda aguardam confirmação laboratorial. A Secretaria de Defesa do Consumidor emitiu nota técnica para estabelecimentos comerciais de bebidas alcoólicas, orientando cuidados para evitar novas intoxicações.
O ministro Alexandre Padilha reforçou que todas as unidades de saúde devem seguir rigorosamente o protocolo de notificação e que houve um aumento significativo no número de casos:
“Historicamente, temos cerca de 20 casos de intoxicação por metanol por ano. A partir de setembro, já registramos quase metade desse total, o que desperta alerta no SUS”, afirmou.
A orientação é que secretarias estaduais e municipais reforcem treinamento e capacitação das equipes, além de garantir que os profissionais conheçam os sistemas de vigilância e protocolos para intoxicações exógenas.
Sintomas e cuidados
A intoxicação por metanol é uma emergência médica grave. A substância é metabolizada em produtos tóxicos como formaldeído e ácido fórmico, que podem levar ao óbito. Os principais sintomas incluem:
- Visão turva ou perda de visão
- Náuseas e vômitos
- Dores abdominais
- Sudorese
- Mal-estar generalizado
Em caso de suspeita, é essencial buscar imediatamente atendimento médico e contatar instituições especializadas:
- Disque-Intoxicação Anvisa: 0800 722 6001
- CIATox local
- Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733
É importante identificar e orientar outras pessoas que tenham consumido a mesma bebida para que procurem avaliação médica imediata.





