Associação de criadores afirma que impacto da tarifa de 50% dos EUA sobre a carne bovina brasileira é mínimo e acusa indústria de pressionar produtores rurais

Por Karol Peralta
A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira acendeu o alerta no setor agropecuário, mas o impacto prático da medida é considerado limitado por especialistas. Segundo a Nelore-MS (Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Nelore), a nova taxa está sendo usada por frigoríficos como pretexto para pressionar o preço do boi no mercado interno, prejudicando diretamente o produtor rural.
De acordo com o presidente da Nelore-MS, Paulo Matos, a medida afeta apenas uma pequena fração da produção nacional. “Os EUA compram somente 8% da carne que exportamos, o que representa 2,3% da produção total brasileira. Falar em colapso do mercado interno por causa disso é, no mínimo, má-fé. Estão tentando empurrar para o produtor a conta de uma disputa comercial internacional”, criticou.
📊 Estudos da entidade indicam que, mesmo com uma queda de até 70% nos embarques para os Estados Unidos, o excedente anual seria de cerca de 160 mil toneladas — apenas 1,6% da produção brasileira. Segundo a associação, esse volume é insuficiente para provocar um desequilíbrio significativo na precificação do boi gordo.
“O que está acontecendo é uma manobra. Os frigoríficos querem ampliar suas margens e aproveitam qualquer narrativa para justificar a redução no valor pago ao pecuarista. Mas o produtor rural não é amortecedor de crise internacional. É ele quem investe, gera emprego e mantém o Brasil alimentado”, afirmou Matos.
A carne exportada para os EUA é, majoritariamente, composta por cortes desossados congelados, usados em hambúrgueres e produtos processados, o que, segundo a Nelore-MS, não influencia de forma relevante a precificação da arroba no país. A entidade destaca ainda que a China continua sendo o principal destino da carne brasileira, respondendo por mais de 60% das exportações.
“A conta é simples: quem vai pagar mais caro pelo hambúrguer são os consumidores norte-americanos, não os pecuaristas brasileiros”, disse o presidente.
🔎 Articulação nacional e alerta ao produtor
A Nelore-MS informou que está em constante articulação com entidades nacionais do setor e com o Itamaraty para defender os interesses do agro brasileiro. A associação também está monitorando de perto as movimentações que possam levar a distorções de mercado.
Por fim, Paulo Matos faz um apelo aos criadores: “Fiquem atentos. Essa é uma tentativa dos frigoríficos de forçar a venda do gado com preços abaixo da média. Não aceitem ser prejudicados por estratégias oportunistas.”
📌 A entidade continuará acompanhando os desdobramentos da tarifa americana e reforça seu compromisso com a valorização do produtor rural brasileiro, defendendo práticas comerciais justas e transparentes.