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“Estamos tratando a fome como uma questão política”, diz Lula no Festival Aliança Global

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou no sábado, 16 de novembro, do último dia de apresentações do Festival Aliança Global, evento cultural criado para impulsionar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, prioridade do Brasil à frente do G20 — principal fórum de cooperação econômica internacional. Desde quinta-feira (14), dezenas de estrelas da música brasileira fizeram shows gratuitos na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.

“Quero agradecer de coração a todos vocês, mulheres, homens, artistas famosos, artistas anônimos, brasileiros e brasileiras que foram solidários ao chamamento da minha querida Janja [primeira-dama do Brasil], da Margareth Menezes [ministra da Cultura] e de todas as pessoas que trabalharam para que a gente pudesse realizar aqui no Rio de Janeiro, no dia da realização do G20, esse ato artístico, para que a gente pudesse transformar a questão da fome numa questão política”, declarou Lula, no festival.

A importância de tratar a fome e a pobreza como pautas prioritárias foi ressaltada pelo presidente. “A fome não é uma questão da natureza, não é uma questão alheia ao ser humano. A fome hoje é tratada como se não existisse por conta da irresponsabilidade de todos nós, governantes do planeta Terra. E é por isso que nós estamos tratando a fome como uma questão política, para que a gente comece a falar em qualquer lugar”, defendeu.

Lula reforçou o seu compromisso de unir esforços em todos os continentes para acabar com o problema da fome. “O que eu quero dizer para 733 milhões de habitantes que passam fome no mundo, crianças que vão dormir e acordam sem ter certeza se vão ter algum alimento para colocar na boca é: hoje não tem, mas amanhã vai ter. Porque nós temos que ter coragem e dignidade para mudar a história da humanidade que está tão perversa”, disse.

Ainda em seu discurso, o presidente lembrou que o Brasil já conseguiu sair do Mapa da Fome da ONU e pontuou que o Governo Federal está trabalhando para alcançar tal feito novamente. “Quando nós entramos em 2003, a gente tinha nesse país 54 milhões de pessoas passando fome. Em 2014, o Brasil, reconhecido pela ONU, saiu do Mapa da Fome. Eu voltei em 2023 [à presidência do país] e o Brasil já tinha 33 milhões de pessoas passando fome. Em apenas um ano e nove meses, nós já tiramos 24 milhões de pessoas da fome. E até 2026, a gente não vai ter nenhum brasileiro passando fome, porque todos terão o direito conquistado de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia, porque é o mínimo compromisso que um presidente da República tem que assumir com o seu povo”, afirmou.

EVENTO — O festival aproveitou o poder transformador das expressões artísticas para consolidar uma mensagem sobre o compromisso do país de construir uma rede colaborativa e de impacto duradouro, envolvendo países, organizações e cidadãos na luta pela segurança alimentar. Artistas como Daniela Mercury, Diogo Nogueira, Fafá de Belém, Zeca Pagodinho e Roberta Sá se apresentaram no festival, que antecedeu a Cúpula de Líderes do G20, marcada para os próximos dias 18 e 19, e ocorreu simultaneamente à Cúpula Social do G20.

PROGRAMAÇÃO — O festival foi dividido em três noites temáticas. Na quinta (14), a ancestralidade e a herança africana foram os fios condutores da noite “Muito Obrigado Axé”, que se inspirou no histórico local do evento: a região da Pequena África, onde africanos escravizados desembarcaram no Brasil e que hoje reúne pontos que reverenciam o legado da cultura negra. A direção musical foi assinada por Kainã do Jêje e Marcelo Galter (Aguidavi do Jêje).

A segunda noite (15), intitulada “O show tem que continuar”, trouxe uma inédita orquestra de samba para celebrar o ritmo tipicamente brasileiro, o povo, a arte, o movimento e a rua. A direção musical é de Pretinho da Serrinha.

A terceira e última noite, no sábado (16), chamada de “Pro dia nascer feliz”, reúne múltiplas sonoridades e vertentes musicais para celebrar a diversidade e a esperança em um futuro com justiça social. A direção musical fica com Marcus Preto e Mateus Simões (Nova Orquestra).

Além dos shows, a praça Mauá e os edifícios ao redor se tornarão uma tela para um espetáculo de videomapping, luzes, laser e sons, com projeções dos artistas visuais Manuela Navas, Maribê, Thiago Santos e Yan Carpenter.

REALIZAÇÃO — O Aliança Global Festival é uma realização do Governo do Brasil em parceria com a OEI, Serpro, Apex, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal, Itaipu, Petrobras, Prefeitura do Rio de Janeiro, BID e PNUD.

ALIANÇA GLOBAL — Durante a programação da Cúpula Social do G20, 41 governos, 13 organizações internacionais e 19 entidades filantrópicas e organizações não governamentais anunciaram compromissos históricos com objetivo de promover a erradicação da fome e da pobreza, no mundo, até 2030, no âmbito da Aliança Global criada pelo Brasil. Um dos principais anúncios veio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a partir do investimento de 25 bilhões de dólares em crédito para a Aliança Global, entre outras ações.

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