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Enfermeira é agredida por paciente psiquiátrico na UPA do Jardim Leblon em Campo Grande

Profissional ficou desacordada após soco no rosto; sindicato cobra protocolos de segurança e critica falta de estrutura para pacientes psiquiátricos nas UPAs.

Por Karol Peralta

Uma enfermeira foi agredida por um paciente psiquiátrico na noite deste domingo (17), na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon, em Campo Grande. A profissional ficou desacordada após receber um soco no rosto e precisou ser submetida a um exame de tomografia.

Segundo relato do presidente do Sinte (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem), Ângelo Macedo, a enfermeira estava digitando na enfermaria quando o paciente se levantou do leito e a atacou de forma inesperada.

“Infelizmente fomos mais uma vez provocados por conta de uma agressão de um paciente do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) na UPA do Leblon. Ele simplesmente se levantou do leito, foi até a enfermeira e deu um soco, deixando-a desacordada. Em seguida, voltou a se deitar como se nada tivesse acontecido”, afirmou.

Após o ataque, a profissional foi levada para a área vermelha da unidade, recebeu os primeiros atendimentos e, em seguida, encaminhada ao hospital para realizar tomografia. O paciente, diagnosticado com esquizofrenia e também usuário de drogas, estava internado sem contenção física ou química no momento da agressão.

Sindicato cobra protocolos de segurança

O dirigente sindical criticou a ausência de medidas de proteção aos trabalhadores da saúde e questionou até quando a categoria ficará exposta a situações de violência durante o trabalho.

“São pessoas que saem de casa para prestar cuidado e acabam agredidas por pacientes. Essa conduta sem protocolo algum nos expõe constantemente a esse tipo de violência”, disse Macedo, destacando que os impactos emocionais costumam ser graves e de longa duração.

De acordo com ele, muitos profissionais vítimas de agressão acabam precisando de afastamentos médicos, sofrem prejuízos financeiros e, em alguns casos, passam a depender de medicação controlada para suportar as sequelas emocionais.

Falta de estrutura nas UPAs e CRSs

Além da denúncia sobre a insegurança enfrentada pelos servidores, o sindicalista também criticou a forma como pacientes psiquiátricos são mantidos nas UPAs e nos CRSs (Centros Regionais de Saúde).

“As UPAs estão sendo usadas como depósitos para esses pacientes, enquanto aguardam vaga em Caps de referência. Mas o serviço não tem estrutura alguma para dar esse suporte. Querem que esses pacientes fiquem como se estivessem em uma clínica adequada, mas não é o caso”, disse.

Ele lembrou ainda que a função da UPA é prestar atendimento de emergência e não manter pacientes internados por longos períodos. “É uma unidade de pronto atendimento, que não foi pensada para manter pacientes mais de 24 horas, muito menos psiquiátricos. No entanto, eles permanecem dias, até semanas, deambulando, saindo para fumar cigarro ou usar drogas”, afirmou.

Para Macedo, a situação representa uma crise institucional da saúde pública municipal. “Infelizmente, estamos diante de uma tragédia anunciada em Campo Grande. E eu repito a pergunta: até quando?”, completou.

Ocorrência e investigações

A Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi acionada e prestou atendimento na ocorrência. Segundo o sindicato, um boletim de ocorrência será registrado na Polícia Civil.

A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para questionar os protocolos adotados em casos de pacientes psiquiátricos nas UPAs e para obter informações sobre o estado de saúde da enfermeira agredida, mas ainda não obteve retorno.

Audiência pública já havia discutido riscos aos profissionais

No início de agosto, a situação enfrentada por trabalhadores da saúde pública de Campo Grande foi tema de uma audiência pública na Câmara Municipal, proposta pelo vereador Professor Juari (PSDB), com apoio do vereador Flávio Pereira (PSDB).

Durante a sessão, médicos e enfermeiros relataram falta de medicamentos, ameaças, sobrecarga de trabalho e sinais de esgotamento emocional. Muitos afirmaram conviver diariamente com riscos de violência durante os plantões.

Na ocasião, a Sesau declarou que desenvolve ações de apoio aos trabalhadores, como atendimentos psicossociais, visitas domiciliares, acompanhamento em Medicina do Trabalho e encaminhamentos ao projeto “Cuidar de Quem Cuida”, que oferece suporte psicológico, psiquiátrico e terapias alternativas. Segundo a pasta, o atendimento é baseado em acolhimento e escuta qualificada, sem caráter punitivo.

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