Cartão de crédito lidera entre principais dívidas das famílias em Campo Grande; inadimplência cresce e afeta mais de 3 mil famílias em apenas um mês, aponta pesquisa da CNC

Por Karol Peralta
O índice de famílias endividadas em Campo Grande se manteve praticamente estável em julho de 2025, segundo dados da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O levantamento indica que 66,2% das famílias da Capital possuem algum tipo de dívida, um leve aumento em relação aos 66,1% registrados em junho.
Apesar da estabilidade no endividamento, a inadimplência, ou seja, o número de famílias com contas em atraso — apresentou alta no período. Em julho, esse índice passou de 27,7% para 28,6%, o que representa um acréscimo de mais de 3 mil famílias em situação de inadimplência.
Segundo a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio MS, Regiane Dedé de Oliveira, os dados acendem um sinal de alerta. “O que chama atenção é o aumento das famílias que referem contas em atraso, indicando cautela nas compras a prazo”, afirma.
Regiane explica ainda a diferença entre endividamento e inadimplência. “O endividamento é o compromisso com contas parceladas, como compras no cartão e prestações. Já a inadimplência refere-se ao não pagamento dessas dívidas”, esclarece.
Cartão de crédito lidera o ranking das dívidas
A pesquisa também revelou que o cartão de crédito continua sendo o principal responsável pelo endividamento das famílias campo-grandenses, especialmente entre aquelas com renda de até 10 salários mínimos — nesta faixa, 73% das famílias mencionaram essa modalidade como fonte das dívidas. Já entre as famílias com renda acima desse valor, o índice cai para 63%.
Outros tipos de dívidas variam conforme a faixa de renda. O crédito pessoal, por exemplo, é citado por 19% das famílias com renda superior a 10 salários mínimos, enquanto entre as famílias de menor renda o percentual é de apenas 8%.
Outro destaque é o financiamento de veículos. Ele compromete a renda de 23,4% das famílias de maior poder aquisitivo e de apenas 6,3% daquelas com renda mais baixa.
Alerta para o consumo consciente
O cenário exige atenção, especialmente em um contexto de instabilidade econômica e juros elevados. A recomendação de especialistas é que as famílias priorizem o pagamento de dívidas em atraso e busquem formas de renegociar os débitos, evitando a escalada da inadimplência.
A pesquisa da CNC é uma importante ferramenta de análise do comportamento financeiro das famílias e serve de base para decisões tanto do comércio quanto de políticas públicas voltadas à educação financeira.