
Afastar-se das telas durante o recesso escolar e acadêmico favorece a saúde mental, estimula a criatividade e ajuda a reconectar famílias e amigos
Por Karol Peralta
Com o aumento do uso de dispositivos eletrônicos no cotidiano, especialmente entre crianças e adolescentes, o período de férias escolares e acadêmicas pode se transformar em uma excelente oportunidade para adotar o detox digital, prática que propõe a redução ou pausa no uso de tecnologias como celulares, tablets e computadores.
Segundo especialistas, o uso constante das telas está associado ao aumento da ansiedade, à dificuldade de concentração, ao isolamento social e ao cansaço mental, mesmo entre adultos. Em crianças e adolescentes, o impacto é ainda mais profundo, comprometendo o desenvolvimento emocional, a criatividade e a tolerância à frustração.
A psicóloga e pedagoga Maisa Colombo Lima, professora da Estácio Campo Grande, afirma que o contato ininterrupto com estímulos digitais afeta diretamente o funcionamento do cérebro. “O uso constante de telas e dispositivos acelera os pensamentos, reduz a tolerância ao tédio, que é essencial para a criatividade, e prejudica a capacidade de conexão real com o ambiente e com outras pessoas”, explica.
Criatividade, descanso e conexão no lugar do excesso de estímulos
Durante o recesso escolar, o detox digital pode promover brincadeiras criativas, como teatro de sombras, construção de cabanas, jardinagem ou caça ao tesouro, que estimulam a imaginação, a cooperação e o vínculo familiar.
Para os adolescentes e universitários, o recesso é uma chance de recuperar a presença, o foco e a saúde emocional após períodos intensos de estudo e pressão acadêmica. Atividades como caminhar ao ar livre, cozinhar com amigos ou simplesmente vivenciar o ócio consciente são poderosas para aliviar o estresse acumulado.

O desconforto da desconexão: um caminho para o autoconhecimento
Maisa destaca que o maior desafio costuma ser o desconforto inicial. “Estamos habituados a responder mensagens o tempo todo, consumir conteúdo de forma passiva. No detox, o silêncio digital pode parecer estranho, mas é nesse vazio que podemos nos escutar de verdade”, afirma.
A especialista reforça que o detox digital não significa abandonar a tecnologia, mas sim encontrar equilíbrio. Medidas simples como estabelecer horários para o uso das telas, desativar notificações e propor momentos offline em família são formas acessíveis de começar.
O descanso que começa com o desligar
As férias, independentemente da idade, podem e devem ser uma pausa da rotina acelerada das exigências, das notificações e da hiperconexão. Ao escolher colocar o celular de lado e olhar ao redor, abrimos espaço para experiências que nutrem o corpo, a mente e os relacionamentos.
Adotar o detox digital não traz benefícios apenas imediatos, mas constrói hábitos de presença e bem-estar duradouros, contribuindo para uma vida mais equilibrada, consciente e saudável.
