Relatório do INPE mostra redução significativa no desmatamento no Cerrado entre agosto de 2024 e julho de 2025, com destaque para Maranhão e Minas Gerais

Por Karol Peralta
O Brasil registrou uma expressiva redução de 20,8% nos alertas de desmatamento no Cerrado entre agosto de 2024 e julho de 2025, em comparação com o mesmo período do ciclo anterior. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (7), são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e refletem o impacto de políticas públicas e esforços de fiscalização em um dos biomas mais pressionados do país.
De acordo com o sistema DETER, a área sob alerta no bioma caiu de 7.014 km² para 5.555 km², indicando avanços na conservação ambiental, especialmente em regiões marcadas pela expansão da agropecuária.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, comemorou o resultado:
“Celebramos a queda do desmatamento no Cerrado, que é um esforço enorme. Sabemos que uma boa parte do desmatamento no Cerrado é legalizado, o que aumenta a complexidade do combate.”
Marina ainda destacou a importância de buscar alternativas para áreas em que o desmatamento é permitido por lei, além de ações de controle para conter práticas ilegais.
Desempenho por estado
Os estados que lideraram a queda nos alertas de desmatamento no Cerrado foram:
- Maranhão e Minas Gerais: redução de 34%;
- Tocantins: queda de 29%;
- Mato Grosso: menos 19%;
- Bahia: redução de 7%.
Por outro lado, o Piauí foi o único estado a registrar aumento, com alta de 33% nos alertas de desmatamento.
Amazônia: desmatamento estável, mas incêndios preocupam
Na Amazônia, os alertas de desmatamento atingiram 4.495 km² no mesmo período, o segundo menor nível da série histórica do DETER. Houve aumento de 4% em relação ao período anterior, influenciado principalmente pelos incêndios florestais registrados no segundo semestre de 2024.
Apesar do aumento geral, os alertas por corte raso sem uso de fogo recuaram 8%, atingindo o menor patamar desde o início do sistema.
“Podemos dizer que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030”, afirmou Marina Silva.
Pantanal: melhora mesmo em cenário climático extremo
O Pantanal também apresentou resultados expressivos. Os alertas de desmatamento caíram 72%, passando de 1.148 km² para 319 km². Já as cicatrizes de queimadas recuaram 9%, totalizando 16.125 km².
O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, ressaltou que os dados são positivos mesmo diante do pior cenário climático da história do Pantanal.
Fiscalização: Ibama amplia ações e aplica bilhões em multas
Nos últimos 12 meses, o Ibama intensificou sua atuação na fiscalização ambiental:
Na Amazônia:
- 9.540 ações fiscalizatórias;
- 3.900 autos de infração aplicados;
- R$ 2,4 bilhões em multas;
- 3.111 termos de embargo;
- 5.096,8 km² embargados;
- 2.124 apreensões e 873 equipamentos destruídos.
“Praticamente, tivemos mais ações de fiscalização do que alertas. E isso faz toda a diferença”, destacou Marina.
No Cerrado:
- 831 autos de infração, somando R$ 607 milhões em multas;
- 466 embargos;
- 434 apreensões;
- 71 equipamentos destruídos.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, reforçou que o objetivo é reduzir a impunidade ambiental, garantindo que as sanções sejam efetivamente aplicadas.
Unidades de Conservação mais protegidas
O ICMBio também ampliou sua atuação com 895 ações de fiscalização nas unidades de conservação federais, que resultaram em 2.711 autos de infração. Na Amazônia, foram 267 ações e 1.055 autos aplicados.
Segundo a diretora do ICMBio, Iara Vasco, concursos e investimento em estrutura têm permitido um maior controle sobre o desmatamento em áreas protegidas.
DETER e Prodes: o que os dados revelam
O sistema DETER funciona como um indicador rápido da tendência de desmatamento anual, complementando os dados do Projeto Prodes, que mede a taxa oficial do desmatamento na Amazônia Legal. A queda em biomas como o Cerrado e Pantanal mostra avanços, mas os desafios climáticos e estruturais ainda exigem atenção contínua.





