
Relatório revela queda de 32,4% na área desmatada em comparação com 2023; Pantanal e Pampa lideram redução, enquanto Mata Atlântica segue estável
Por Karol Peralta
O Brasil registrou uma redução de 32,4% na área desmatada em 2024 em relação ao ano anterior, segundo dados do Relatório Anual do Desmatamento (RAD) divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Mapbiomas. A análise mostra que cinco dos seis biomas brasileiros apresentaram queda, com destaque para Pantanal (-58,6%) e Pampa (-42,1%).
📉 Veja os percentuais de redução por bioma em 2024:
- 🌾 Pantanal: -58,6%
- 🌻 Pampa: -42,1%
- 🌽 Cerrado: -41,2%
- 🌳 Amazônia: -16,8%
- 🌵 Caatinga: -13,4%
- 🌴 Mata Atlântica: +2%
🧭 A exceção foi a Mata Atlântica, que teve um pequeno crescimento de 2% no desmatamento. De acordo com Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas, o aumento está relacionado a eventos climáticos extremos, principalmente no Rio Grande do Sul.
“Se não tivesse os desmatamentos computados por conta dos eventos extremos, o desmatamento teria sido 20% menor”, explicou.
📊 Balanço geral de 2024:
- 🌎 Área desmatada: 1.242.079 hectares
- 🔔 Alertas de desmatamento: 60.983
- 🗓️ Média diária: 3.403 hectares/dia
- 🕒 Média horária: 141,8 hectares/hora
📅 O pior dia do ano foi 21 de junho, com a destruição de 3.542 hectares em 24 horas. O Cerrado segue liderando como o bioma mais desmatado, com mais de 652 mil hectares perdidos, superando novamente a Amazônia.
📍 Regiões com maior impacto:
- Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia): redução de 13%
- Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia): 42% da perda nacional de vegetação
🌐 Estados que mais desmataram em 2024:
- Maranhão: 17,6%
- Pará: 12,6%
- Tocantins: 12,3%
🟢 Estados com maior redução: Goiás, Paraná e Espírito Santo
🔴 Estados com aumento: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Acre
“No RS, os desmatamentos associados a eventos extremos aconteceram na Mata Atlântica, não nos Pampas”, destaca Natália Crusco, do Mapbiomas.
🛑 Desmatamento em Terras Indígenas e Unidades de Conservação:
- Terras indígenas: redução de 24%, com 15.938 ha desmatados
- A TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) lidera com 6.208 ha perdidos
- Unidades de Conservação: queda de 42,5%, com 57.930 ha desmatados
- A APA Triunfo do Xingu (PA) foi a UC mais afetada
📝 Autorização e fiscalização:
Em 2024, 43% do desmatamento ocorreu com autorização legal, sendo o Cerrado o bioma com maior proporção (66%). Já a Amazônia teve 14% dos desmatamentos autorizados.
O Maranhão, além de ser o estado que mais desmatou, teve os piores índices de transparência nas informações ambientais.
“As informações de autorização tinham restrição de acesso. O estado segue com dificuldade de dar transparência aos dados”, criticou Marcondes Coelho, do Instituto Centro de Vida (ICV).
🌾 Agropecuária segue como principal vetor do desmatamento
Nos últimos seis anos, o Brasil já perdeu quase 10 milhões de hectares de vegetação nativa — e mais de 97% desse total foi causado por pressão agropecuária, segundo o Mapbiomas.
Apesar da redução registrada em 2024, os especialistas alertam que ainda há grandes desafios para frear o avanço do desmatamento, especialmente no Cerrado e nas regiões do Matopiba.