Desemprego sobe nos EUA e relatório é adiado após paralisação de 43 dias

Dados atrasados e mercado desaquecido revelam cenário de incerteza na economia norte-americana

Por Karol Peralta

O mercado de trabalho dos Estados Unidos registrou sinais de enfraquecimento em setembro: embora o emprego tenha crescido, a taxa de desemprego subiu para 4,4%, e a divulgação oficial dos dados foi adiada após a paralisação de 43 dias do governo norte-americano.


Emprego cresce menos que o esperado e atrasos prejudicam avaliação do mercado

O mais recente levantamento do Departamento do Trabalho apontou que o emprego no setor privado aumentou em 119 mil vagas, após revisão para baixo dos números de agosto, que indicaram abertura de apenas 4 mil postos. Economistas consultados pela Reuters esperavam a criação de 50 mil empregos, indicando desempenho abaixo do previsto.

A divulgação do relatório, que deveria ter saído em 3 de outubro, foi adiada pela paralisação do governo, a mais longa da história. Sem coleta de dados domiciliares, não houve base para calcular a taxa de desemprego do mês, o que compromete a leitura do cenário trabalhista.

Em função do atraso, as informações de outubro serão incorporadas ao relatório de novembro, previsto para 16 de dezembro. Embora os números de setembro estejam desatualizados, eles reforçam que o mercado de trabalho norte-americano perdeu impulso ao longo do ano, reflexo de revisões sucessivas para baixo.

Antes do apagão de dados, o Departamento do Trabalho estimava criação de cerca de 911 mil vagas nos 12 meses até março, muito menos que o reportado originalmente. A redução no ritmo de imigração durante o governo Donald Trump e o impacto prolongado dessa política reduziram a oferta de mão de obra.

A crescente adoção da inteligência artificial (IA) também tem afetado a demanda por trabalhadores, sobretudo em funções básicas, deixando recém-formados com menos oportunidades. Economistas afirmam que a IA tem impulsionado o crescimento econômico sem geração proporcional de empregos.

Outro fator citado por analistas é o ambiente de incerteza criado pela política comercial do governo Trump, que elevou tarifas de importação e pressionou empresas especialmente as pequenas. A Suprema Corte dos EUA discute, inclusive, a legalidade dessas tarifas sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência de 1977.

Apesar das folhas de pagamento seguirem positivas, alguns setores estão cortando vagas. Economistas avaliam que os dados de emprego de setembro podem influenciar a reunião de política monetária do Federal Reserve, marcada para 9 e 10 de dezembro.

As autoridades do banco central, porém, não terão acesso ao relatório atualizado durante a reunião a nova data de divulgação, inicialmente marcada para 5 de dezembro, foi postergada para 16 de dezembro. Atas recentes do Fed revelam preocupação de que reduções mais agressivas nos juros possam prejudicar a luta contra a inflação.

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