
Recursos serão aplicados em roças agroecológicas, reflorestamento com nativas e educação popular em comunidades indígenas e assentamentos do sul de MS.
Por Karol Peralta
A deputada federal Camila Jara (PT-MS) destinou R$ 800 mil em emendas parlamentares para impulsionar a agricultura familiar e a segurança alimentar em comunidades indígenas e assentamentos da região de Dourados, no sul do Mato Grosso do Sul. O recurso será executado pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em articulação com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal.
Com duração prevista de dois anos, o projeto já entrou na fase de diagnóstico. As próximas etapas incluem escuta comunitária, mapeamento participativo e implantação de ações práticas — como o início das roças agroecológicas coletivas, que devem gerar resultados visíveis em até 40 dias.
Segundo a deputada, o objetivo vai além da produção de alimentos. “Esse recurso é mais do que investimento — é um gesto político em defesa da vida. Estamos fortalecendo quem planta, quem resiste e quem transforma. O projeto mostra que é possível enfrentar a fome e as injustiças do campo com organização popular, consciência e comida de verdade na mesa de quem mais precisa”, afirma Camila Jara.
🌾 Comida no prato e consciência no campo
A iniciativa atenderá diretamente cerca de 200 famílias, podendo alcançar até 500 de forma indireta. A produção agroecológica será destinada à Cozinha Comunitária do Governo Federal, ao fornecimento de marmitas solidárias, bem como à alimentação de escolas, creches e hospitais públicos da cidade.
A ação será estruturada em três frentes principais:
- Produção de mudas e espécies nativas em viveiros;
- Implantação de roças agroecológicas coletivas;
- Mobilização social com foco em formação, educação popular e divulgação comunitária.
🌱 Territórios beneficiados
Entre os territórios contemplados estão:
- Dourados: Acampamento Esperança, Assentamento Faeca, Terra Quilombola Picadinha, Fundos da Bororo, Passo Piraju;
- Douradina: Ivy Ajeré e Kurupayty;
- Rio Brilhante: Tajassu Iga e Laranjeira Nhanderu;
- Além de estudantes do curso de Agroecologia do PRONERA.
A proposta enfrenta diretamente o paradoxo regional: embora o MS tenha terras férteis, 87% dos alimentos consumidos no estado vêm de fora, ao mesmo tempo em que altos índices de subnutrição ainda persistem. O projeto atua para mudar esse cenário, promovendo autonomia alimentar e desenvolvimento local.
🌻 Educação e soberania popular
A professora Judite Stronzake, da UFGD, reforça que o projeto vai além do combate à fome imediata: “Será um grande processo de aprendizagem e resgate das tradições alimentares indígenas e camponesas. Vamos alimentar a fome do estômago e também a da consciência. Acaba a emenda, mas o povo segue organizado, consciente e lutando por seus direitos”.
Judite também destaca que a iniciativa contribui para enfrentar os impactos do modelo de produção insustentável, com alternativas que respeitam a terra, reduzem o uso de agrotóxicos e colaboram com o combate ao aquecimento global.
A proposta se firma como uma ferramenta de soberania popular e resistência coletiva: “É o povo produzindo com apoio político e universitário. Aqui se planta, aqui se consome. O Mato Grosso do Sul é capaz de produzir com dignidade, saúde e sustentabilidade”, conclui.
✊ Apoio parlamentar e compromisso social
A deputada estadual Gleice Jane (PT), também articuladora da iniciativa, vê o projeto como exemplo de política pública transformadora. “É a soma de forças para impulsionar a produção sustentável, sem agrotóxicos, com justiça social e valorização do campo. Quando fortalecemos a agricultura familiar, cuidamos da saúde, da economia local e da dignidade de quem mais precisa.”