
Estudo da USP e Ministério da Saúde mostra que mulheres serão maioria entre médicos no Brasil em 2025 e revela desigualdade no acesso a especialistas entre SUS e rede privada
Por Karol Peralta
📊 A nova edição da Demografia Médica 2025, lançada nesta quarta-feira (30), trouxe dados inéditos sobre a distribuição, formação e atuação dos médicos no Brasil. Entre os destaques, estão a concentração de especialistas na rede privada, a desigualdade no acesso a cirurgias entre pacientes do SUS e da saúde suplementar, e o aumento da presença feminina na medicina, que deve alcançar a maioria dos profissionais já em 2025, com 50,9% do total.
🏥 De acordo com o levantamento, pacientes com plano de saúde passam por mais cirurgias, proporcionalmente, do que os atendidos exclusivamente pelo SUS. Nos três procedimentos mais realizados no país — apendicectomia, colecistectomia e correção de hérnias abdominais —, a rede privada apresenta índices significativamente superiores, apesar de o SUS ainda realizar a maior parte dos procedimentos.
🔎 Os dados revelam, por exemplo, que a taxa de apendicectomias é 34,4% maior na rede privada. Já nas cirurgias de hérnia, a diferença chega a 86,6%. A pesquisa mostra ainda que 70% dos cirurgiões atuam nos dois setores, enquanto apenas 10% trabalham exclusivamente no SUS.
👨⚕️ Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a pandemia de covid-19 provocou atrasos significativos nos atendimentos e nas cirurgias eletivas, e agora o grande desafio é garantir que a população tenha acesso em tempo adequado a especialistas. Para isso, ele defende uma maior parceria com a rede privada, que concentra boa parte dos médicos e infraestrutura ociosa.
📈 Em dezembro de 2024, o país contava com 353.287 médicos especialistas, representando 59,1% do total de médicos. No entanto, essa média está abaixo dos 62,9% registrados pelos países da OCDE. Além disso, a distribuição segue desigual: enquanto o Distrito Federal tem 72,2% de médicos especialistas, o Piauí registra apenas 45,1%.
🌍 A região Sudeste concentra 55,4% dos especialistas, seguida pelas regiões Sul (16,7%), Nordeste (14,5%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (5,9%). Essa disparidade agrava as desigualdades regionais no acesso à saúde, especialmente em locais com menos cobertura da rede privada.
👩⚕️ Outro marco da Demografia Médica 2025 é a constatação de que, pela primeira vez, as mulheres serão maioria na profissão médica. Em 2010, elas eram 41%; hoje, somam 50,9%, com projeções apontando para 56% até 2035. No ensino superior, o número de mulheres matriculadas em Medicina também cresceu de 53,7% (2010) para 61,8% (2023).
💼 Apesar do avanço, as mulheres ainda são maioria em apenas 20 das 55 especialidades médicas. A Dermatologia lidera com 80,6% de profissionais do sexo feminino.
📚 O estudo também detalha a formação médica: 63,7% dos títulos de especialistas são obtidos por meio da Residência Médica, enquanto 36,3% vêm de exames das sociedades médicas. A maioria dos especialistas (79,1%) possui um único título, mas 20,9% têm dois ou mais.
🗺️ A publicação inclui, pela primeira vez, o Atlas da Demografia Médica, com dados regionais e por especialidade, além de informações sobre graduação, renda e vínculos empregatícios dos médicos. O objetivo é apoiar a formulação de políticas públicas e melhorar a qualidade do atendimento prestado à população.
📘 A Demografia Médica é elaborada há 15 anos pela Faculdade de Medicina da USP e, em 2025, contou com apoio do Ministério da Saúde, AMB, MEC, OPAS e FAPESP.
🔍 “Avaliamos a demografia como um estudo de inestimável importância para a compreensão do cenário da medicina nacional”, afirmou o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes.