Cúpula dos Povos começa em Belém com vozes da Amazônia e do mundo por justiça climática

Evento reúne movimentos sociais, indígenas, quilombolas e organizações populares às margens do Rio Guamá, em paralelo à COP30, com debates sobre soberania alimentar, transição energética e defesa dos territórios.

Por Karol Peralta

Movimentos sociais, redes e organizações populares de todo o mundo se reúnem a partir desta quarta-feira (12), às margens do Rio Guamá, em Belém (PA), para a abertura da Cúpula dos Povos, evento que propõe um diálogo global sobre justiça climática, direitos dos povos tradicionais e sustentabilidade da Amazônia, em paralelo à COP30.

Em meio às expectativas para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém em 2025, a cidade se torna, desde esta quarta-feira (12), palco de um outro encontro: a Cúpula dos Povos. O evento, sediado na Universidade Federal do Pará (UFPA), deve reunir milhares de participantes de todo o mundo até o dia 16 de novembro, em uma ampla programação que mescla debates, manifestações culturais e atos públicos.

Logo nas primeiras horas do dia, o Rio Guamá se transforma em símbolo de resistência com a Barqueata da Cúpula, um cortejo de embarcações que seguirá até a Baía do Guajará. O ato marca a abertura simbólica do encontro, reunindo mulheres, jovens, ribeirinhos, pescadores, indígenas, quilombolas e agricultores familiares — vozes diversas que compõem o coro pela defesa do clima e dos territórios.

“As águas da Amazônia estão trazendo as vozes que o mundo precisa ouvir: as de quem defende a vida, os territórios e o clima”, afirma o equatoriano Lider Gongora, membro da Comissão Política da Cúpula dos Povos e delegado dos Povos do Mangue e do Mar (World Forum of Fisher Peoples – WFFP).

Ao longo da semana, a programação contará com painéis e mesas de debate sobre soberania alimentar, transição energética, enfrentamento ao extrativismo fóssil, governança participativa, racismo ambiental e direito à cidade. Também estão previstas discussões sobre adaptação das cidades às mudanças climáticas e interseccionalidade de gênero, raça, classe e território.

Segundo os organizadores, a Cúpula dos Povos busca fortalecer a construção popular e unir diferentes lutas em torno de um mesmo propósito: o bem-viver coletivo. O manifesto do evento propõe uma convergência de agendas socioambiental, antipatriarcal, anticapitalista, anticolonialista e antirracista, respeitando as especificidades de cada grupo.

Além dos debates políticos, a Cúpula também celebra a diversidade cultural da Amazônia com uma Feira dos Povos, a Casa das Sabedorias Ancestrais e apresentações de artistas e grupos populares vindos de várias regiões do Brasil. A programação acontece diariamente das 8h às 22h, no Campus do Guamá da UFPA.

O encontro reforça a importância de escutar as comunidades que vivem na linha de frente das mudanças climáticas e que, muitas vezes, são as mais afetadas por decisões tomadas longe de seus territórios. Enquanto a COP30 discute políticas globais, a Cúpula dos Povos dá protagonismo às vozes locais as mesmas que, em suas águas, florestas e cidades, resistem e propõem novos caminhos para o planeta.

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